Quarto Domingo na Quaresma – 10-03-2013
Sl 32; Is 12.1-6; 2 Co 5.16-21; Lc 15.1-3,11-32
Deus acolhe o pecador arrependido de braços abertos!
Introdução
Estimados irmãos e irmãs! No evangelho de hoje Jesus está sendo criticado pelos fariseus e os mestres da lei, a alta classe religiosa de sua época, por sua conduta de se misturar com pessoas consideradas de má fama (em outras palavras, pessoas pecadoras). Para os fariseus e mestres da lei, sendo Jesus quem ele diz ser, o Filho de Deus e um só Deus com o Pai, ele jamais poderia se misturar com pecadores. Muito menos sentar e comer com eles em suas casas como Jesus já tinha feito indo na casa de Zaqueu e de Levi, que depois se tornou um dos seus discípulos e passou a ser chamado de Mateus.
Além desse equívoco, um outro erro dos fariseus e mestres da lei era achar que eram melhores do que os outros. Achar que eram perfeitos e merecedores de maior atenção e destaque diante de Deus.
Fato
Jesus explica e defende a sua atitude de misturar-se com gente de má fama contando três parábolas: A ovelha perdida; A moeda perdida e a Parábola do filho perdido. Em cada uma delas, na figura de pastor de ovelhas, dona de casa e pai amoroso, Jesus quer mostrar que Deus faz tudo para trazer de volta o pecador que se afasta dele.
Nossa reflexão está baseada na parábola do filho perdido, ou filho pródigo como também é conhecida. Nessa parábola Jesus ensina que, para um filho arrependido, há um Deus de braços abertos pronto para perdoar e dar a oportunidade para recomeçar.
Desenvolvimento
Vejamos o desenrolar da parábola contada por Jesus. Jesus fala de um Pai que tinha apenas dois filhos. O relacionamento do pai com os dois e dos irmãos entre si era excelente. Ninguém podia dizer algo contrário a isso. O trabalho era o mesmo para todos, trabalhavam juntos, não havia necessidade de divisão. Até que um dia o filho mais novo resolveu contrariar toda aquela união e comunhão que havia entre ele, o irmão e o pai.
Ele chegou para o pai e exigiu a sua parte na herança. O pai pensou: cedo ou tarde eu vou fazer isso mesmo, posso fazer agora. Repartiu os bens entre os dois filhos e deu a parte de cada um.
E ai meu amigo, minha amiga, já viu como é né. O dinheiro te da uma sensação de que você tudo pode. E se a pessoa não tiver uma base espiritual sólida, ela faz de si mesma o seu Deus. O meu guia passa a ser os meus desejos e pensamentos, não importa o quão absurdo eles sejam.
Poucos dias depois de receber a sua herança o filho mais novo juntou tudo que era dele e foi para outro pais. Foi em busca de novas aventuras, “aproveitar a vida” como alguns gostam de dizer. Como se se render aos prazeres e desejos da carne fosse de fato aproveitar a vida.
O fato é que em pouco tempo aquele jovem já tinha jogado toda sua herança fora vivendo uma vida de pecados. E agora: longe da casa do pai, sem dinheiro, sem ter onde ficar e sem amigos, porque amigos de pessoas assim, são amigos enquanto tem dinheiro, depois já era.
O pouco que lhe restou de dignidade fez com que ele começasse a procurar um trabalho para ter o que comer. Mas aí começam a surgir as barreiras naturais deste mundo. Quem vai dar um trabalho para um maltrapilho. A pessoa começa a ser vista com desconfiança. Ninguém dá nada por ela. O máximo que ele conseguiu foi um trabalho de tratador de porcos numa fazenda. E ali, enquanto tratava dos porcos a fome era tão grande que ele teve o desejo de comer da comida dos porcos.
De repente ele começou a cair em si. Percebeu que estava chegando no fundo do posso. Ele começou a pensar nos trabalhadores do seu pai que tinham pão para comer enquanto ele estava ali passando fome, a ponto de desejar a comida que era dada aos porcos.
Feliz é a pessoa que se arrepende e volta enquanto há tempo, enquanto há forças para voltar. O jovem refletiu e decidiu voltar para casa do pai. E assim ele fez! Quando o pai o viu chegando saiu ao seu encontro de braços abertos, o abraçou e beijou. Emocionado o filho disse: Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho! (v.21)
O Pai rapidamente mandou preparar uma grande festa. Mandou que trouxesse roupas novas, sandálias e colocasse um anel no dedo do filho. Com isso o pai estava demonstrando que não só tinha perdoado, mas o recebia como seu legítimo filho novamente.
Mas nem todos ficaram alegres com a volta daquele que estava se perdendo e voltou para a casa do pai. O filho mais velho se recusou a participar da festa e se queixou com o pai, alegando nunca ter abandonado nem desobedecido o pai, portanto, digno de ganhar uma festa como aquela deveria ser ele, não o irmão que jogou tudo fora. E o pai disse: Meu filho, você está sempre comigo, e tudo que é meu é seu. Era preciso fazer esta festa para mostrar a nossa alegria. Pois este seu irmão estava morto e reviveu novamente; estava perdido e foi achado. (Lc 15.31-32)
Jesus conclui a parábola da ovelha perdida no v.7 dizendo: assim também haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende dos seus pecados do que noventa e nove pessoas boas que não precisam se arrepender. (Lc 15.7)
O arrependimento e o retorno de um pecador para a casa e para os braços do Pai Todo-Poderoso é motivo de festa no céu. Com essa parábola Jesus mostra para os fariseus e mestres da lei qual é a maior virtude de Deus – o AMOR. Deus acolhe o pecador arrependido de braços abertos. E Jesus demonstrou isso se misturando, indo para o meio daqueles que eram desprezados e excluídos. Em outra ocasião Jesus disse: os sãos não precisam de médico.
Aplicação
A história do filho perdido é uma história que se repete e é sempre atual. Muitos abandonam a comunhão e a fartura espiritual que tem na casa do Pai Eterno, para seguirem os seus próprios caminhos: Muitos são os que abrem mão do consolo, do conforto, dos conselhos e da força que o Pai Todo-poderoso nos oferece na sua casa através da sua Palavra e Sacramentos.
Coisa triste é quando um filho deixa de alimentar a sua alma na casa do Pai e passa a se alimentar nos chiqueiros que o mundo oferece.
Com qual dos dois filhos da parábola você se parece? Na verdade não da pra dizer que sou esse ou aquele. Somos semelhantes aos dois filhos. Por hora somos o mais novo, que com imaturidade desperdiça a vida que Deus nos dá em meio a nosso abuso da liberdade cristã. “Cristo me libertou, agora eu sou livre, então eu posso fazer o que quiser, depois eu me arrependo e peço perdão.” Paulo diz: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Cristo me libertou e agora eu sou livre para servir a Deus de todo o meu coração.
Outra hora somos o filho mais velho, não sabemos acolher com o mesmo amor e alegria do Pai, o irmão que está voltando para a igreja e para a comunhão na família da fé. Há quem pense que por estar sempre na casa de Deus, é merecedor de maior atenção e destaque.
Conclusão
Mas, a boa notícia é que: quer sejamos o filho mais novo, ou o filho mais velho, nosso Pai é amoroso. E nesse amor está de braços abertos para nos perdoar e nos acolher como seus verdadeiros filhos. Nesse amor nos convida à alegria, afinal, estávamos todos perdidos e por causa de Cristo Deus nos acolhe em seus braços de amor, perdão e salvação. Amém.
Pr. Fernando Santos Boone