Radio Cristo para Todos

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A estrela d'alva

A estrela d'alva

A estrela d'alva inspira dois tipos de alegria. Em 1891, Henry Maxwell Wright compôs um hino nas palavras: "Estrela d'alva, Cristo Jesus, Sol da justiça, do mundo a luz! As densas trevas vem dissipar e nossas almas iluminar". Em 1938, João de Barros e Noel Rosa compuseram "Pastorinhas": "A estrela d'alva no céu desponta, e a lua anda tonta com tamanho esplendor. E as pastorinhas, pra consolo da lua vão cantando na rua, lindos versos de amor". É possível um só tema inspirar coisas tão diferentes? Sim, em quase tudo! Na Bíblia, Jesus é comparado com esta estrela matutina, tanto que o próprio rei dos cristãos afirma: "Eu, Jesus, sou o famoso descendente do rei Davi. Sou a brilhante estrela da manhã" (Apocalipse 22.16). Na festa do rei Momo, a estrela d'alva simboliza as mulheres do Carnaval.


Esta estrela, na verdade, é o planeta Vênus, nome para celebrar a deusa romana do amor erótico, que na mitologia grega é atribuído à deusa Afrodite. Tanto que o culto a essa divindade na Grécia antiga era chamado de "afrodisíaco" onde as sacerdotisas prostituíam-se nos templos para que os adoradores tivessem contato com os deuses. Foi nesse contexto licencioso que o apóstolo escreveu: "Eles têm prazer em satisfazer em pleno dia os seus desejos imorais (...) Não podem ver uma mulher sem a desejarem, e o seu apetite pelo pecado nunca fica satisfeito" (2 Pedro 2.13,14). Ao falar da adoração que leva a Deus, ele aponta para Jesus e afirma: "Vocês fazem bem em prestar atenção nessa mensagem. Pois ela é como uma luz que brilha em lugar escuro, até que o dia amanheça e a luz da estrela da manhã brilhe no coração de vocês" (2 Pedro 1.19).

Que coisa intrigante! A radiante estrela do amanhecer, de forma tão contraditória, lembra o amor que não é amor, mas desilusão de uma tragédia grega. E lembra o que disse Jesus: "Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem" (Mateus 5.16).  Tudo depende da inspiração!


pastor luterano
marsch@terra.com.br
fone 8162-1824
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
27 de fevereiro de 2014

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Obedecer as Leis de Deus

Tema: Obedecer as Leis de Deus.
Itapema – Bom Caminho 23/02/2014
Régis Duarte Müller
7° Domingo Após Epifania – 23/02 a 02/03/2014
      
Textos Bíblicos: Salmo 119.33-40; Leviticos 19.1-2,9-18; 1 Coríntios 3.10-23; Mateus 5.38-48

O Salmo do dia nos diz em seu primeiro versículo: “Ó SENHOR Deus, ensina-me a entender as tuas leis, e eu sempre as seguirei” (Sl 119.33 NTLH). Ou conforme a Almeida: “Ensina-me, SENHOR, o caminho dos teus decretos, e os seguirei até ao fim” (Sl 199.33 RA). Notamos claramente qual é o pedido do salmista: “entender as leis para poder segui-las”.
Obviamente, para entendermos alguma coisa você, eu e todos nós, precisamos estudar ou ouvir alguém com maior conhecimento nos ensinar. É exatamente isso que Deus faz, ele nos ensina sua Lei.
Percebemos isso ao lermos os outros textos destinados para hoje, nos quais Deus quer ensinar suas leis através de Levíticos, 1 Coríntios e Mateus. Através dos textos em questão Deus ensina, orienta, corrige.
Até aqui tudo bem, pois estamos falando da nossa vontade e estamos falando da ação de Deus. Contudo, quando falamos a respeito do cumprimento das leis, nos damos por conta que estamos muito longes de efetivamente cumpri-las. Isso complica ainda mais quando percebemos que somos conhecidos como um povo que vai ‘empurrando com a barriga’, ‘que faz nas coxas’ e outras expressões do tipo.
Estamos falando das pessoas em geral. Mas grosso modo, isso fica mais latente nos jovens, pois as pessoas veem os jovens como rebeldes, inconsequentes, pessoas que agem sem pensar, que não se preocupam em cumprir as leis... Afinal, não escutam as instruções dos pais para não serem taxadas como caretas. Agem sem pensar descumprindo leis e ordens. É possível encontrar pessoas que afirmam que os jovens não conhecem e não sabem ouvir as leis. Será que podemos concordar? Mas seja criança, jovem, adulto ou idoso, as leis e os mandamentos valem para todos, como afirma Provérbios 19.16: “Quem obedece às leis de Deus vive mais; quem despreza os seus mandamentos morrerá”.
É bem verdade que vivemos em um contexto onde a lei é descumprida com naturalidade. Excessos de velocidade, embriaguez ao volante, uso de drogas, roubos... São leis descumpridas com certa frequência. Parece que o senso de impunidade dá margens aos jovens e cidadãos de que nunca serão pegos.
No entanto, não é assim que funciona com Deus. Pois todos serão julgados no Dia do Senhor e receberão um justo julgamento, conforme seus atos.
Por isso as leis são importantes. Pois elas servem para nos mostrar como viver em sociedade; para mostrar como cumprir a vontade de Deus e conhecer seus mandamentos; para mostrar como viver de forma correta.
Diante disso a frase citada pelo juiz da infância e juventude, Guaraci Viana, faz todo sentido: "Boas são as Leis. Melhor o bom uso delas.". (Guaraci Viana cita a frase ao escrever o artigo “Jovens em Conflito com a lei”).
Mas a pergunta latente é: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?”. De que maneira, nós cristãos, podemos guardar puro nosso caminho? Será que somos capazes de cumprir a lei de Deus e fazer sua vontade?
Frente a esta situação é comum encontrarmos pessoas que dizem: “Eu sou humano, quem não erra?”. Esta é uma frase típica de alguém que quer justificar os atos errados que comete.
No entanto, perante a Lei não existem desculpas. Quem transgrede a lei está sujeito a ser pego e ter que arcar com todas suas consequências. Tais consequências perante a lei do mundo são: Multas, prisões, trabalhos voluntários. Mas a consequência de transgredir a lei de Deus é uma só e terrível: É a condenação eterna.
Isso fica claro nas palavras de Paulo aos Coríntios: “A lei escrita mata” (2Co 3.6b). Isso quer dizer que a lei acusa, condena e nos mostra quem nós somos e como somos incapazes de fazer a vontade de Deus, e que por isso receberemos o julgamento final, ou seja, a morte.
De fato, se olharmos atentamente para a letra, ou seja, a Lei, nós vamos perceber que não existe salvação, pois o que está escrito deve ser observado. No entanto, o próprio Apóstolo Paulo afirma em 2 Co 3.6b: “A lei escrita mata, mas o Espírito de Deus dá a vida”. Ora, pois, quando vemos as Leis, as quais Moisés portava, vemos letras. Nós, porém, fomos encarregados da outorga de um espírito.
Portanto, como podemos perceber de fato a Lei mata, quer dizer, pune aqueles que a transgridam; mas, pelo espírito se recebe a graça que pelo batismo dá vida àqueles que foram levados à morte por causa dos seus pecados.
Sendo assim, quando olhamos para nossos textos bíblicos encontramos as letras da lei nos mostrando como viver. Orientações e leis necessárias para vivermos em sociedade, conhecermos a vontade de Deus e coloca-las em prática em nosso viver diário.
Sendo assim, de fato, a Lei é importante e fundamental em nossa vida. Mas as leis são criadas para que sejam observadas, praticadas, conforme diz o juiz: “Boas são as leis. Melhor o bom uso delas”.
Talvez até possamos ser taxados de caretas ou sermos ridicularizados por buscar cumprir as leis. No entanto, a Lei sempre será aplicada em todo seu rigor. Mas nós recebemos pelo Batismo e pelo ouvir a Palavra de Deus, o Espírito de Deus. Por isso, quando a lei causa um grande estrago e até mesmo a morte, o doce evangelho de Deus ilumina e traz a vida. Isso porque o Espírito vivifica, quer dizer, liberta as pessoas de seus antigos vícios, purifica o coração e concede a vida.
É este Espírito que nos leva a dizer com o salmista: “Ó SENHOR Deus, ensina-me a entender as tuas leis, e eu sempre as seguirei” (Sl 119.33 NTLH).
Sendo assim, que possamos seguir as leis de Deus com o auxílio do seu Espírito. Que possamos compreender que quando falhamos merecemos a morte, mas por causa do seu amor, Deus irá perdoar os erros de todos aqueles que sinceramente, confessarem seus pecados a Deus. Que assim seja. Amém.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A dívida dos Mensaleiros

A dívida dos mensaleiros

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, afirmou que a campanha das doações para pagar a dívida dos condenados do Mensalão sabotam e ridicularizam a execução da pena. O ministro também levanta suspeitas sobre a origem do dinheiro arrecadado. Como aconteceu nas campanhas anteriores que ajudaram três condenados, as atuais doações para José Dirceu pretendem levantar R$ 971.128,92, valor da multa. No entanto, segundo Mendes, a Constituição ordena que o cumprimento da pena é individual e intransferível.

E agora, quem tem razão? É justo que os mensaleiros condenados recebam de outros aquilo que eles próprios devem pagar? O assunto é polêmico, envolve questões políticas, jurídicas, éticas, morais. Sem entrar no mérito da questão, isto lembra outro tema controverso, este no campo religioso. Aliás, é preciso dizer que a única religião que afirma que a justiça divina é feita sem que o condenado pague pelo crime que cometeu, é a cristã. Todas as outras crenças pregam exatamente o que o ministro do STF defende: o cumprimento da pena é individual e intransferível.

A Bíblia afirma que Deus mudou a lógica e promoveu uma doação, uma vaquinha. O termo exato é bode expiatório (Levítico 9). Ao explicar esses sacrifícios do Antigo Testamento, o livro de Hebreus lembra que tudo isto simbolizava Cristo Jesus, "oferecido uma só vez em sacrifício , para tirar os pecados de muitas pessoas" (9.28). O apóstolo Paulo complementa que foi desta forma que "Deus perdoou todos os nossos pecados e anulou a conta da nossa dívida, com os seus regulamentos que nós éramos obrigados a obedecer. Ele acabou com essa conta, pregando-a na cruz" (Colossenses 2.13,14).

Loucura! (1 Coríntios 1.18). Esta é a palavra bíblica para expressar a anulação do débito espiritual na conta dos seres humanos, "que parece ser a fraqueza de Deus" (1.25). Mas, com uma ressalva: o réu precisa reconhecer o erro para que o perdão seja individual e transferível.



pastor luterano
fone 8162-1824
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
20 de fevereiro de 2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Fazer Pirraça.

Tema: Fazer Pirraça.
Itapema – Bom Caminho 16/02/2014
Régis Duarte Müller
6° Domingo Após Epifania – 16/02 a 22/02/2014
      
Textos Bíblicos: Salmo 119.1-8; Deuteronômio 30.15-20; 1 Coríntios 3.1-9; Mateus 5.21-37

Você já ouviu falar em ‘Pirraça’? De supetão todos vemos a imagem de uma criança se jogando ao chão. No entanto, seu significado vai além da atitude de uma criança que se joga ao chão. Segundo o dicionário Aurélio e o Luft, Pirraça é algo que alguém faz com o intuito de contrariar. Significa também picuinha, birra. No dicionário informal na internet, encontramos significados e sinônimos como: Provocar; discordar; cena; malcriação; raiva; teimar etc. Diante desses exemplos, é bem provável que você já tenha presenciado uma
situação de Pirraça, ou até mesmo se lembre de alguma situação que você tenha sido pivô de uma pirraça. A atitude pirracenta é considerada pela sociedade como um gesto feio e deselegante, e pela Lei de Deus, um pecado – pois representa raiva, ódio, descontentamento, briga.
Ao lermos a Epístola do dia nos questionamos: Por que os cristãos fazem pirraça? Por que os cristãos brigam uns com os outros? É comum, por exemplo, vermos crianças pequenas discutindo e brigando porque querem usar o mesmo brinquedo. Isso até poderia ser considerado normal tendo em vista que ainda são imaturas e que não conhecem todas as coisas. Mas como podemos interpretar atitudes pirracentas entre adultos? Quer dizer, de desunião, de brigas, discordâncias...
O Apóstolo Paulo nos traz uma situação em que os adultos estavam fazendo pirraça. Sim, pois diziam: ”Eu sou de Paulo” e outros, “eu sou de Apolo” (1 Co 1.12), e assim brigavam entre si, e sentiam ciúmes, e agiam como se fossem pessoas deste mundo (1 Co 3.4).
Paulo estava lidando com adultos pirracentos, ou melhor – Pessoas pecadoras. Pessoas que precisam ouvir a Lei de Deus, pois estavam agindo mal. Pessoas que precisavam voltar os olhos para Deus e se tornarem auxiliares no trabalho de serviço a Deus.
Acontece que muitas vezes estamos tão cegos que não percebemos nossas atitudes; Nós nos tornamos agressivos, indelicados, inconvenientes, briguentos, ciumentos... Então surgem as divisões. O pecado começa a mandar nos sentimentos e nas atitudes, assim como aconteceu na Igreja de Corinto, conforme diz Lutero: “Um queria ser paulino, outro apolino, outro de Pedro, outro cristão. Este queria a circuncisão, aquele não. Outro queria o matrimônio, aqueloutro não. Um queria comer sacrifício [dedicado] aos ídolos, outro não. Alguns queriam ser fisicamente livres. Certas mulheres queriam deixar o cabelo à vista e
assim por diante” (OS 8.141-par. 30).
Ao escrever essas coisas, Lutero faz uma contextualização sobre o que aconteceu na Igreja de corínto, pois era o mesmo que acontecia na Igreja em seu tempo. Ele diz: “Agora na nossa época, quando o evangelho veio à tona, existem muitos santos malucos, fanáticos... Um quer isto, outro, aquilo” (OS 8, p.141,20).
Da mesma forma, continuamos vendo os cristãos desunidos. E assim nós entendemos as pirraças, as quais, muitas vezes, nós mesmos somos os praticantes. Muitas vezes nos esquecemos da mensagem principal e nos apegamos a picuinhas, discussões, intrigas e divisões. Muitas vezes somos partidários e nos orgulhamos pela religião que pertencemos, sem, contudo, viver seus ensinos.
A grande verdade é que somos como um terreno que precisa ser preparado para o plantio. Como um edifício que precisa ser erguido. Somos como plantas que estão sendo sufocadas pelos pecados, que estão deixando cair as flores, que estão deixando de produzir seus frutos e juntamente com isso, deixando de testemunhar a glória de Deus.
Tudo isso é triste e lamentável. Mas quando Paulo diz que somos como um terreno, como um edifício, ainda podemos ter esperança. Pois isso indica que ainda há tempo para sermos preparados, construídos. É por isso que Paulo instruiu e ensinou os coríntios. É por isso que Lutero também ensinou em seu tempo. É por isso que nós podemos aprender hoje a respeito do amor de Deus por nós. A respeito da união que temos, enquanto cristãos, através do Filho de Deus. A respeito dos mandamentos e das leis de Deus que servem para nos orientar, apontar nossos erros, e exortar para o arrependimento.
Deus prepara esse terreno mostrando e ensinando suas leis. Por isso, quem vive de acordo com os mandamentos de Deus pode se considerar feliz, como vemos no Salmo do dia:
1 Felizes são os que não podem ser acusados de nada; 2 Felizes os que guardam os mandamentos de Deus e lhe obedecem de todo o coração; 3 Felizes os que não praticam o mal, os que andam nos caminhos de Deus!” (Sl 119.1-3).
Ao sabermos disso, precisamos nos juntar em humildade com o salmista e dizer: “Como desejo obedecer às tuas ordens e cumpri-las com fidelidade!” (Sl 119.5).
Podemos começar a fazer isso quando vamos ao culto e queremos levar nossa oferta a Deus, mas estamos brigados com alguém. Então, precisamos nos lembrar da instrução de Jesus, que diz: “deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus” (Mt 5.24).
Fazer pirraça, viver em discordância, ciúmes, intrigas e brigas não pode fazer parte da vida dos cristãos. Mas infelizmente essas coisas acontecem, causando desconforto e tristeza no coração. Mas Deus, em seu amor, nos dá a oportunidade de reverter essa situação. Ele nos permite deixar a oferta na frente do altar para irmos pedir perdão e fazer as pazes com o irmão. Deus nos dá oportunidades de nos arrependermos dos nossos pecados. Ele nos concede sua Lei e seus Mandamentos para que possamos conhecer a sua vontade e viver dessa maneira. Afinal, como diz o refrão da canção uma centelha só: “O amor de Deus assim é. Se você quiser sentir um grande amor, amor sem fim você vai transmitir”.
Que Deus, em seu infinito amor, nos permita agir, viver e transmitir seu amor sem fim. Que possamos falar ao mundo que vive em ódio, adultério, divórcios e juramentos falsos que Deus quer ajudá-lo a viver conforme os mandamentos do Senhor, a conhecer seu amor e vir a transmitir, juntamente com os demais irmãos, os grandes feitos de Deus.



Obras Selecionados v.8;
Bíblia Sagrada;
Manual Bíblico SBB;
Comentários de Martinho Lutero Sermão do Monte;
Bíblia de recursos para o ministério com crianças - APEC;
Introdução ao Antigo Testamento;
Introdução ao Novo Testamento

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Epifania do ódio


A epifania do ódio

A morte do cinegrafista Santiago não apenas sublinha a violência que toma conta da sociedade, mas, ironicamente, também revela pelas lentes das câmeras o que o jornalista sempre fez: mostrar a desgraça humana. Mas isto não é de hoje. "Havia violência por toda a parte" (Gênesis 6.11), diz a Bíblia pelas precisas lentes de seu documentário. Portanto, nada de novo a não ser as imagens da tecnologia.

O velho assunto também é manchete nas prédicas das igrejas que têm em comum textos bíblicos
nos cultos e missas. Neste período de Epifania (que significa revelação) as leituras do Evangelho são o famoso Sermão da Montanha proferido por Jesus. Sem máscaras e rojões, o Filho de Deus anunciou: "Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: 'Não mate. Quem matar será julgado'. Mas eu lhes digo que qualquer um que ficar com raiva do seu irmão será julgado" (Mateus 5.21,22).  O quê? Já não tem juiz nem cadeia suficiente para tanto criminoso? Onde Jesus estava com a cabeça? Julgar e condenar também os raivosos?

É comum a conversa: "Eu sou uma pessoa boa, não mato, não roubo, cumpro com meus deveres.". Grande coisa, diria Jesus. Em todo o sermão, ele faz um exame do coração humano e mostra o diagnóstico de uma doença terminal. Ao ordenar "amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês" (5.44), o Médico dos médicos interna todos na UTI, e prescreve a medicação: "Sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu" (5.48). Como? Ser perfeito? E agora? Está na cara, ou no coração, que estamos enrascados. E ainda tem gente que pensa: - Vou fazer caridade, dar dinheiro à igreja, fazer sacrifícios ou qualquer outra coisa. Esforço perdido. É preciso ser perfeito na conta de Deus "porque quem quebra um só mandamento da lei é culpado de quebrar todos" (Tiago 2.10).

Seria a morte certa se não fosse a perfeição da vida de Jesus - a primeira doação de coração. Uma nova vida que transforma o ódio em amor. É disto que o mundo precisa, a Paz na essência.


pastor luterano
fone 8162-1824
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
13 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Fazer a vontade de Deus.

Tema: Fazer a vontade de Deus.
Itapema – Bom Caminho 09/02/2014
Régis Duarte Müller
5° Domingo Após Epifania – 02/02 a 09/02/2014
      
Textos Bíblicos: Salmo 112.1-9; Isaías 58.3-9ª; 1 Coríntios 2.1-16; Mateus 5.13-20

Muitas vezes temos a oportunidade para fazer a vontade das pessoas e isso pode causar uma grande satisfação a quem recebe e a quem realiza. Por exemplo: Ir ao cinema para ver o filme que os filhos tanto querem assistir, mostra que os pais estão fazendo a vontade dos filhos; Ir com a esposa na loja para olhar sapados (ou comprar), demonstra que o
marido está fazendo a vontade da esposa; Ou ainda, a esposa pode acompanhar o marido e assistir um jogo de futebol, e assim ela estaria fazendo uma vontade do marido. Mas você já imaginou tentar fazer a vontade de alguém, mas o que você faz, na verdade, não era a vontade daquela pessoa?
Muito bem, era isso que estava acontecendo com o povo de Deus no relato de Isaías. Eles pensavam que se jejuassem estariam fazendo a vontade de Deus, no entanto, eles estavam com o coração cheio de egoísmo e interesse, seus atos não eram de coração. Não estavam fazendo a vontade de Deus, mas estavam tentando comprar a Deus, suas bênçãos, sua benevolência. Estavam agindo por interesse próprio.
Mas como o povo de Deus fazia isso? É possível que um cristão faça coisas ruins? Como uma pessoa que foi convertida pelo Espírito Santo pode agir contra a vontade do seu Criador?
Infelizmente o homem pode fazer coisas ruins e agir contra a vontade do seu Criador. Somos seres humanos e pecadores, carregamos conosco a marca do pecado e ela se apresenta das mais variadas e terríveis maneiras.
Sempre que alguém tenta enganar a Deus com práticas hipócritas, como os jejuns em Isaías 58, quando alguém agride o seu semelhante, tenta levar vantagem ou qualquer outra coisa que afete a integridade de outrem está agindo contra a vontade do Senhor.
Acontece que agir assim causa consequências. Agir e viver contra a vontade de Deus é perder o gosto, é ofuscar-se, esconder a própria luz. E quando isso acontece com o Sal nada mais resta que não seja jogá-lo fora, pois de nada vale o sal que perdeu o sabor, ou uma lâmpada que se queimou.
Assim também, se perdemos o sabor do Espírito de Deus que está presente em nossas boas obras; Ou se a nossa luz, que é o testemunho, se apaga; Nada mais resta a não ser que sejamos jogados fora, ou pior, lançados ao inferno, pois esse é o resultado do cristão de nome, de interesse e que não faz a vontade do Senhor.
Mas como isso poderia mudar? Como podemos fazer a vontade do Senhor? Na verdade a mudança não está em nós, mas em Cristo. É dele que vem o perdão dos nossos pecados, e é do Espírito que vem o desejo de fazer a vontade do Senhor.
A vontade do Senhor é que não pequemos, que amemos o nosso próximo, pratiquemos os seus mandamentos, vivamos na justiça, ajudemos os pobres e necessitados... Como lemos nas palavras do profeta: “O Jejum que me agrada é que vocês
repartam a sua comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes” (Is 58.7). Esta é a vontade do Senhor, que sejamos para o mundo Sal e Luz. O Sal para que dê sabor e a Luz para brilhar e fazer com que as outras pessoas vejam os feitos do Senhor e deem graças e louvores.
Então, quando fazemos a vontade do Senhor, ele recompensa em sua bondade fazendo com que a luz da sua salvação brilhe como o sol, ele faz com que todos sejam curados e guiados para a presença do Senhor, ele protege de todos os lados, e quando gritarmos diante dos sofrimentos e da aflição pedindo por socorro, o Senhor responderá: ‘Estou aqui!’ (v.8-9).
De fato Deus quer e irá recompensar quem fizer sua vontade, no entanto, se fazemos a vontade de Deus, fazemos porque somos seus filhos, porque somos guiados e orientados pelo Espírito Santo, porque somos cristãos. Se fazemos a vontade do Senhor é porque cremos, e se cremos é porque Deus nos abençoou com seu poder, nos concedendo a fé (1 Co 2.5).
Portanto, como crentes fiéis a Deus, busquemos cumprir com sua vontade fazendo sempre o que é correto e direito. Busquemos amar nosso próximo e ajudar-lhe em suas necessidades. Busquemos obedecer aos seus mandamentos, dar sabor e alumiar a vida das pessoas. Afinal, quantos não encontram-se dominados pelos pecados? Quantos não vivem na escravidão da prostituição, dos vícios ou das drogas e do álcool? Quantos não se enganam achando que estão fazendo a vontade de Deus, mas buscam o próprio interesse!
Todas essas pessoas estão na escuridão e precisam de uma luz que brilhe, ilumine e aponte o caminho em que devem andar. E diante de tudo isso, notamos que hoje é o momento de anunciar, de testemunhar os feitos de Deus para que todos louvem ao Senhor.
E quando nos perguntarmos: Como Posso Fazer a Vontade do Senhor? Ele mesmo nos responde, dizendo: Amando o próximo. É amando ao próximo que nós refletimos a luz de Cristo; é amando o próximo que nós manifestamos ao mundo o amor de Deus.
Nós já fomos salvos, e sabemos disso por causa da fé em Cristo Jesus. Agora, portanto, fazemos a vontade do Senhor oferecendo a ele um coração puro, nossas boas obras e obedecendo aos seus mandamentos. Se assim nós vivemos, guiados pelo Espírito Santo, podemos ter certeza que Deus vai aceitar o nosso ‘jejum’ – Seja de alimentos ou de boas obras. Contudo, o mais importante não são as atitudes que visam o benefício próprio, mas as atitudes que visam o bem do nosso semelhante.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Perigos do Mar

Perigos do mar

O drama do náufrago que ficou 14 meses à deriva no mar não deixa de ser a história da nossa sobrevivência neste mundo cheio de ameaças. Resgatado na quinta-feira passada, o pescador salvadorenho sobreviveu comendo tartarugas, aves e peixes que pescava com as mãos, enquanto seu colega, que se recusava comer estes alimentos, não resistiu e morreu. "Eu só tinha a minha cabeça em Deus. Se fosse morrer, seria com Deus. Então, não tinha medo" - respondeu o sobrevivente.

Estamos à deriva neste mar infestado de tubarões. É trânsito, violência dos bandidos, doenças,  perigos da natureza, um monte de predadores a nossa espreita prontos para atacar. No meio desta guerra, fazemos o que o náufrago fez, lutamos com unhas e dentes. Queremos viver, e viver todo o tempo que a vida nos permitir. Seria só isto se a nossa biografia fosse resumida ao tempo da respiração. Temos alma, somos eternos. Tem gente que duvida, pensa que tudo acaba com a morte. Mas, só o fato de pensar nisso já mostra que as coisas não terminam aqui. Tanto é verdade que no perigo ou na hora da morte todos lembram de Deus, com pavor ou com tranquilidade.

Foi por isso que Jesus alertou: "Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Porém tenham medo de Deus, que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo". (Mateus 10.28). Uma advertência porque a vida da alma também é uma batalha em que alguns vencem e outros perdem. Quem triunfará? Interessante que no livro de Apocalipse, o mar simboliza a morte. Por isso a visão de João: "Então vi um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra desapareceram, e o mar sumiu" (21.1).

"Oh Deus" - estas foram as primeiras palavras do náufrago quando avistou a terra depois de tanto tempo perdido no oceano. Serão as nossas palavras quando formos resgatados e o mar desaparecer com seus perigos. Porque não recusamos o alimento da Vida.


pastor luterano
fone 8162-1824
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
6 de fevereiro de 2014

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Felicidade.

Tema: Felicidade!
Itapema – Bom Caminho 02/02/2014
Régis Duarte Müller
4° Domingo Após Epifania – 26/01 a 02/02/2014
      
Textos Bíblicos: Salmo 15; Miquéias 6.1-8; 1 Coríntios 1.18-31; Mateus 5.1-12

Um dos assuntos mais debatidos e estudados na história do mundo, que é possível encontrar em livros e filmes, chama-se felicidade. Os filósofos se destacaram no tema, pois muitos dos estudiosos da filosofia reconhecidos mundialmente são conhecidos por buscarem através da razão, encontrar o que de fato traz felicidade para as pessoas. Entre estes podemos lembrar Tales de Mileto e sua frase histórica: É feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada”. Sócrates pensava que a felicidade não estava relacionada
apenas a coisas relativas ao corpo, mas indicando que a alma tem parcela importante, de modo que a mesma poderia ser encontrada em uma conduta de vida justa e cheia de virtudes. Assim, também, seu discípulo Platão, continuou a pensar entendendo que a felicidade está na alma virtuosa e justa. Aristóteles é mais político, e entende que a cidade deve favorecer os cidadãos a viverem felizes. Epicuro entende que a felicidade encontra-se no prazer. Agostinho, quando tratou do assunto no livro “A Cidade de Deus”, por exemplo, indica que a verdadeira felicidade está em fazer a vontade de Deus, em encontrar a salvação.
Poderíamos citar muitos outros aqui, mas assim já pudemos perceber que felicidade faz parte do pensamento das pessoas, inclusive de seus estudos, como no caso dos pensadores citados.
Mas, mesmo diante de tudo isso, perguntamos: Afinal, o que é felicidade?
As pessoas podem, de fato, buscar neste mundo quantos pensadores, conselhos e ideias quiserem a respeito de felicidade, mas tem alguém que precisamos dar atenção especial: Jesus Cristo.
Jesus Cristo é a revelação do plano de Deus, é a imagem viva da sabedoria de Deus que se revela na sua cruz. No entanto, todos consideram tudo isso loucura. Mas, como afirma Paulo, “Aquilo que parece loucura de Deus é mais sábio do que a sabedoria humana” (1Co 1.25).
Através da sabedoria as pessoas querem encontrar a felicidade, no entanto, todas elas não passam de especulações e divagações. Por outro lado, através da sabedoria de Deus, ele nos revela a verdadeira felicidade.
Deus nos revela a verdadeira felicidade através de uma aula do Mestre Jesus para seus discípulos no Sermão do monte. Enquanto os sábios deste mundo questionam e divagam sobre como encontrar felicidade; Em saber se a felicidade se compra; E uma série de outras especulações, Jesus Afirma categoricamente: “Felizes os que sabem que são espiritualmente pobres; os que choram; os humildes; os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus; os misericordiosos; os que têm coração puro; que trabalham pela paz; que são perseguidos por fazerem a vontade de Deus; por serem insultados, perseguidos e caluniados por serem seguidores do Senhor... Felizes porque aguardam uma grande recompensa, pois foi assim que os profetas também foram perseguidos”.
Acontece que isso causa uma grande confusão na mente humana. O que Jesus fala, na verdade, vai à contramão do que pensa a sabedoria humana. Afinal, Jesus diz que a felicidade está em reconhecer a própria limitação, em chorar, ser humilde, insultado, perseguido, caluniado... Enquanto a sabedoria do mundo diz que a felicidade está no prazer, no sucesso, na vida boa, na realização pessoal...
Como entender tudo isso? Como viver e ser feliz? Antes de tudo é preciso entender que a felicidade que o mundo busca está presente em coisas e prazeres passageiros e vazios. Muitos aguardam ansiosos pelo carnaval, para que possam viver e ser felizes. Então se entregam a festas, bebedeiras, sexo, drogas... Coisas que na visão do mundo oferecem certa felicidade. Mas a festa e todas as coisas terminam, e qual é o resultado de tudo isso? Doenças, gravidez indesejada, comas alcoólicos, overdoses, mortes. Valeu a pena? Depois de tudo isso, será que ainda seremos felizes? Não. Na verdade seremos infelizes para sempre, pois podemos acabar entregando nossa vida à perdição total e sofreremos eternamente por causa de nossos atos desenfreados e perdidos que buscavam alegria e felicidade momentânea em coisas perecíveis e distantes dos ensinos do Senhor.
As pessoas dizem por aí que o importante é ser feliz. Então, se você não está feliz no casamento, se separa; se uma pessoa do mesmo sexo te faz feliz, case-se com ela; Abre-se mão de condutos corretas e virtuosas para encontrar a felicidade. Acontece que viver e agir de acordo com a própria vontade, seguindo os passos do mundo é um grande equívoco, e isso pode nos trazer um fim triste e deprimente, totalmente afastado de Deus e da Felicidade, que tanto almejamos!
Isso porque a felicidade não se compra, nem está em objetos que podemos comprar; a felicidade não está na satisfação pessoal, nos prazeres momentâneos, nas drogas ou no sexo. Ser feliz é agir e viver de acordo com os ensinos de Deus, ainda que isso possa trazer dor e sofrimento. Ainda que isso te torne um perseguido por causa da fé e por professar essa fé. E tem mais, até mesmo ser perseguido é motivo de felicidade, pois se somos perseguidos pelas tentações, pelos pecados, pelo mundo, pelo diabo... somos perseguidos porque cremos, e se cremos dependemos de Deus e se dependemos de Deus somos bem aventurados – felizes, pois o Reino dos céus é das pessoas que reconhecem sua dependência em Deus.
Ora, pois, as características do povo de Deus são o sofrimento, o choro, a mansidão, o
desejo de estar em paz com Deus e de ver a justiça prevalecer, estar sempre pronto para perdoar e ter o coração voltado para Deus, bem como, promover a paz.
Ser feliz é isso, é viver com Deus e fazer sua vontade. Precisamos estar atentos a isso, se de fato almejamos a vida eterna, pois ser feliz na visão do mundo muitas vezes é agir contra os ensinos do Senhor. Contudo, todos que viverem unidos com Cristo, buscarem aprender a vontade de Deus e viverem corretamente a recompensa será maravilhosa. A recompensa será a vida eterna. A Felicidade verdadeira e inesgotável.
Conta-se uma história de que um homem ficava batendo com a cabeça constante e repetidamente na parede. Sem entender as pessoas passavam e diziam que era louco. Até que alguém parou, e após observar por algum tempo, perguntou: Por que você está fazendo isso? Aquele homem parou de bater a cabeça, e disse: “É tão bom quando para”.
É assim que o mundo nos vê, como sofredores, pessoas que choram, que são perseguidos, injustiçados... Enfim, como loucos. Contudo, após passar todas essas coisas, a recompensa será maravilhosa, incrível, indescritível. Que Deus nos abençoe, preserve e fortaleça nessa fé para a vida eterna. Amém.


Obras Consultadas: Coleção os Pensadores (Sócrates); Ética a Nicômano (Aristóteles); Felicidade e Prazer (Epicuro); A Cidade de Deus (Santo Agostinho); Manual Bíblico SBB; Bíblia com Recursos para o Ministério com Crianças – APEC; Bíblia Sagrada com Reflexões de Lutero (SBB); Introdução ao Antigo Testamento.