Tema: Fazer Pirraça.
Itapema – Bom Caminho 16/02/2014
Régis Duarte Müller
6° Domingo Após Epifania – 16/02 a 22/02/2014
Textos Bíblicos: Salmo 119.1-8; Deuteronômio 30.15-20;
1 Coríntios 3.1-9; Mateus 5.21-37
Você já ouviu falar em ‘Pirraça’? De supetão todos vemos
a imagem de uma criança se jogando ao chão. No entanto, seu significado vai
além da atitude de uma criança que se joga ao chão. Segundo o dicionário
Aurélio e o Luft, Pirraça é algo que alguém faz com o intuito de contrariar.
Significa também picuinha, birra. No dicionário informal na internet,
encontramos significados e sinônimos como: Provocar; discordar; cena;
malcriação; raiva; teimar etc. Diante desses exemplos, é bem provável que você
já tenha presenciado uma
situação de Pirraça, ou até mesmo se lembre de alguma
situação que você tenha sido pivô de uma pirraça. A atitude pirracenta é
considerada pela sociedade como um gesto feio e deselegante, e pela Lei de
Deus, um pecado – pois representa raiva, ódio, descontentamento, briga.
Ao lermos a Epístola do dia nos questionamos: Por que os
cristãos fazem pirraça? Por que os cristãos brigam uns com os outros? É comum,
por exemplo, vermos crianças pequenas discutindo e brigando porque querem usar
o mesmo brinquedo. Isso até poderia ser considerado normal tendo em vista que
ainda são imaturas e que não conhecem todas as coisas. Mas como podemos
interpretar atitudes pirracentas entre adultos? Quer dizer, de desunião, de
brigas, discordâncias...
O Apóstolo Paulo nos traz uma situação em que os adultos
estavam fazendo pirraça. Sim, pois diziam: ”Eu sou de Paulo” e outros, “eu sou
de Apolo” (1 Co 1.12), e assim brigavam entre si, e sentiam ciúmes, e agiam
como se fossem pessoas deste mundo (1 Co 3.4).
Paulo estava lidando com adultos pirracentos, ou melhor –
Pessoas pecadoras. Pessoas que precisam ouvir a Lei de Deus, pois estavam
agindo mal. Pessoas que precisavam voltar os olhos para Deus e se tornarem
auxiliares no trabalho de serviço a Deus.
Acontece que muitas vezes estamos tão cegos que não
percebemos nossas atitudes; Nós nos tornamos agressivos, indelicados,
inconvenientes, briguentos, ciumentos... Então surgem as divisões. O pecado
começa a mandar nos sentimentos e nas atitudes, assim como aconteceu na Igreja
de Corinto, conforme diz Lutero: “Um
queria ser paulino, outro apolino, outro de Pedro, outro cristão. Este queria a
circuncisão, aquele não. Outro queria o matrimônio, aqueloutro não. Um queria
comer sacrifício [dedicado] aos ídolos, outro não. Alguns queriam ser
fisicamente livres. Certas mulheres queriam deixar o cabelo à vista e
assim por
diante” (OS 8.141-par. 30).
Ao escrever essas coisas, Lutero faz uma contextualização
sobre o que aconteceu na Igreja de corínto, pois era o mesmo que acontecia na
Igreja em seu tempo. Ele diz: “Agora na
nossa época, quando o evangelho veio à tona, existem muitos santos malucos,
fanáticos... Um quer isto, outro, aquilo” (OS 8, p.141,20).
Da mesma forma, continuamos vendo os cristãos desunidos.
E assim nós entendemos as pirraças, as quais, muitas vezes, nós mesmos somos os
praticantes. Muitas vezes nos esquecemos da mensagem principal e nos apegamos a
picuinhas, discussões, intrigas e divisões. Muitas vezes somos partidários e nos
orgulhamos pela religião que pertencemos, sem, contudo, viver seus ensinos.
A grande verdade é que somos como um terreno que precisa
ser preparado para o plantio. Como um edifício que precisa ser erguido. Somos
como plantas que estão sendo sufocadas pelos pecados, que estão deixando cair
as flores, que estão deixando de produzir seus frutos e juntamente com isso,
deixando de testemunhar a glória de Deus.
Tudo isso é triste e lamentável. Mas quando Paulo diz que
somos como um terreno, como um edifício, ainda podemos ter esperança. Pois isso
indica que ainda há tempo para sermos preparados, construídos. É por isso que
Paulo instruiu e ensinou os coríntios. É por isso que Lutero também ensinou em
seu tempo. É por isso que nós podemos aprender hoje a respeito do amor de Deus
por nós. A respeito da união que temos, enquanto cristãos, através do Filho de
Deus. A respeito dos mandamentos e das leis de Deus que servem para nos
orientar, apontar nossos erros, e exortar para o arrependimento.
Deus prepara esse terreno mostrando e ensinando suas
leis. Por isso, quem vive de acordo com os mandamentos de Deus pode se considerar
feliz, como vemos no Salmo do dia:
“1 Felizes
são os que não podem ser acusados de nada; 2 Felizes os que guardam
os mandamentos de Deus e lhe obedecem de todo o coração; 3 Felizes
os que não praticam o mal, os que andam nos caminhos de Deus!” (Sl
119.1-3).
Ao sabermos disso, precisamos nos juntar em humildade com
o salmista e dizer: “Como desejo obedecer
às tuas ordens e cumpri-las com fidelidade!” (Sl 119.5).
Podemos começar a fazer isso quando vamos ao culto e
queremos levar nossa oferta a Deus, mas estamos brigados com alguém. Então, precisamos
nos lembrar da instrução de Jesus, que diz: “deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes
com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus” (Mt 5.24).
Fazer pirraça, viver em discordância, ciúmes, intrigas e
brigas não pode fazer parte da vida dos cristãos. Mas infelizmente essas coisas
acontecem, causando desconforto e tristeza no coração. Mas Deus, em seu amor,
nos dá a oportunidade de reverter essa situação. Ele nos permite deixar a oferta
na frente do altar para irmos pedir perdão e fazer as pazes com o irmão. Deus
nos dá oportunidades de nos arrependermos dos nossos pecados. Ele nos concede
sua Lei e seus Mandamentos para que possamos conhecer a sua vontade e viver
dessa maneira. Afinal, como diz o refrão da canção uma centelha só: “O amor de Deus assim é. Se você quiser
sentir um grande amor, amor sem fim você vai transmitir”.
Que Deus, em seu infinito amor, nos permita agir, viver e
transmitir seu amor sem fim. Que possamos falar ao mundo que vive em ódio,
adultério, divórcios e juramentos falsos que Deus quer ajudá-lo a viver
conforme os mandamentos do Senhor, a conhecer seu amor e vir a transmitir,
juntamente com os demais irmãos, os grandes feitos de Deus.
Bíblia Sagrada;
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