Quinto domingo de Páscoa – 06-05-2012
Sl 150; At 8.26-40; 1 Jo 4.1-11; Jo 15.1-8
Introdução
Vivemos em um mundo de muita cobrança. Um mundo que nos cobra rapidez, agilidade e produtividade. Empresa demite funcionário que não produz conforme o esperado. Metas muitas vezes irreais são estabelecidas para que a produção seja cada vez maior. Nesse mundo onde tudo parece exigir cada vez mais de nós, os dias, as semanas, os meses e até mesmo o ano parecem cada vez menores. Quem de uns tempos para cá nuca se perguntou: nossa amanhã já é sexta, ou sábado, ou domingo?
Neste modelo de mundo em que vivemos, baseado na ação, na cobrança, na produtividade, como fica a igreja de Cristo? Qual deve ser o papel a postura da igreja?
Fato
Muitos pensam que a igreja deve adaptar-se aos tempos modernos. Mas será que é realmente correto entrarmos de cabeça neste ativismo que o mundo nos impõe?
Meu objetivo não é incentivar vocês a serem preguiçosos com relação ao trabalho da Igreja, nem serem lentos, irem devagar quando o assunto for a vida espiritual de vocês. Muito pelo contrário o objetivo é incentivar e preparar o ouvinte da palavra de Deus para produzir muitos e bons frutos para o SENHOR DEUS. Porém, naturalmente. Como nos ensina Jesus no evangelho de João 15.1-8.
Confesso a vocês que me senti bem mais leve nesta semana quando tive a oportunidade de ler e estudar esta passagem do Evangelho de João. Em especial o primeiro versículo onde Jesus diz: “Eu sou a Videira verdadeira e meu Pai é o Agricultor”. Jesus traz uma mensagem de cuidado e tranquilidade para a sua igreja e seguidores que estão inseridos neste mundo cheio de cobranças.
Desenvolvimento
Quando Jesus fala sobre videira, ramos e agricultor, eu logo imagino uma daquelas imensas parreiras que é muito comum aqui no sul do país. E penso também no trabalho do agricultor que plantou a vinha. Ele colocou a muda na terra, esperou com paciência, regou, adubou, colocou estacas, estendeu fios e podou. Tudo isto com um grande objetivo: colher frutos. Seu desejo e seu pensamento não estão em outra coisa senão em se deliciar com o saboroso fruto quando chegar a colheita.
Jesus no Evangelho está dizendo: Eu sou a videira, meu Pai é o Agricultor. (v.1)... Vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto. (v.5) Ou seja, quem está unido comigo e eu com ele, esse faz a vontade Deus. Mas tudo como consequência do trabalho do Agricultor que é Deus. Deus é o Agricultor que plantou a vinha aqui nesse mundo. A vinha é o seu Filho Jesus. Deus cuidou para que a vinha crescesse e depois veio os ramos. Os ramos somos nós, são todos os cristãos que estão unidos a Cristo pela fé. Por acreditarem e confiarem Nele.
Desses ramos que somos nós, que é cada cristão unido a Cristo pela fé, Deus, o Agricultor Celestial, espera colher frutos. Nenhum agricultor planta para não colher. E Deus não é diferente. Ele espera que esse seu ramo que Ele enxertou em Cristo no dia do batismo e através da sua palavra, mostre para o mundo os frutos que o seu Espírito Santo produz em minha vida. Em Gálatas 5. 22 a Palavra de Deus nos diz que frutos são esses: “O fruto do espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”. E se nós queremos tornar essa lista mais completa também podemos acrescentar: arrependimento e confiança na graça e bondade de Deus.
Jesus no evangelho deixa um alerta quanto ao perigo da improdutividade, o perigo de não produzirmos esses frutos para Deus. No v.2 ele diz: Todos os ramos que não dão uvas ele corta, embora eles estejam em mim... Ele corta embora estejam em mim. Sabe o que isso significa? Já viram aqueles galhos quebrados que às vezes ficam garrados na planta por uma película. Aquela película às vezes até é suficiente para manter aquele galho verde, mas ele dificilmente vai produzir frutos. Essa talvez é a situação de muitas pessoas hoje em dia, estão ligadas a Cristo por uma película de fé. Essa película até as mantém vivas espiritualmente, mas não pode fazê-las produzir frutos. E Jesus está dizendo: os ramos que não dão uvas ele corta, embora estejam em mim.
A minha consciência nesse momento está se perguntando, está preocupada e quer saber que espécie de ramo ou galho eu sou. Um galho ligado a Cristo que está recebendo a ceiva, A SUA PALAVRA E SANTA CEIA, que são os nutrientes necessários para a produção de frutos. Ou um galho quebrado, ligado a Cristo apenas por uma película de fé, sem forças para produzir frutos e prestes a ser cortado pelo Agricultor.
No (v. 6) do evangelho Jesus diz o que é feito com aqueles que são cortados por Deus, o Agricultor: Quem não ficar unido comigo será jogado fora e secará; será como os ramos secos que são juntados e jogados no fogo, onde são queimados. Numa tradução mais simples e aplicada a realidade humana esse versículo ficaria mais ou menos assim: “Quem não ficar unido com Cristo será jogado fora e secará; será juntado e jogado no fogo do inferno, onde queimará eternamente”.
Irmãos, isso é muito sério e é o que realmente acontece. Se não fosse assim Jesus não teria dito essas coisas para alertar e prevenir os seus discípulos e a nós hoje. E Jesus disse o que disse para os seus discípulos, e está dizendo estas coisas para nós hoje porque ele se preocupa com cada um de nós. E por se preocupar conosco ele está dizendo no Evangelho de hoje para a nossa tranquilidade: Eu sou a videira, meu Pai é o Agricultor e vocês são os ramos. Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês, pois sem mim vocês não podem fazer nada.
É assim que os frutos vão surgir naturalmente em minha vida. Como resultado da minha união com Cristo por meio da Palavra e Santa Ceia, e como resultado da ação e do cuidado do Agricultor que é Deus. Eu não preciso me preocupar com nada. Apenas deixar Deus agir e nutrir a minha vida com a sua palavra. E isso é algo que Deus tem prazer em fazer na minha vida. Porque eu sou especial para ele, nós somos a coroa da sua criação.
No inicio nós perguntamos: Como fica a igreja de Cristo, qual a sua postura o seu papel, nesse mundo impulsionado pelas cobranças, resultados e produtividades em níveis cada vez mais elevados? A igreja não entra na onda do mundo. A igreja prega o evangelho e vive o evangelho no seu dia-a-dia. Sem se preocupar com os frutos, com os resultados. O papel da igreja é permanecer unida a Cristo como ele pede no Evangelho. Quando a igreja está unida a Cristo através da Palavra e dos sacramentos, os bons frutos surgirão naturalmente. Arvore boa produz frutos bons.
Conclusão
Como é bom irmãos, num mundo que continuamente grita: “vá, corra, mude, faça, produza”, como é bom ouvir a doce voz de Jesus que diz: “permaneça unido comigo! Descanse. Repouse. Eu lhe dou tudo o que você precisa”. Enquanto vivermos nossa vida nesta fé, ligados em Jesus, o Pai que é o eterno Agricultor segue cuidando de nós e vai colhendo os frutos que deseja. Amém.
Pastor Fernando Santos Boone