Decimo Terceiro Domingo Após Pentecostes – 26-08-2012
Sl 14; Is 29. 11-19; Ef 5. 22-33; Mc 7.1-13
Introdução
Qual é o verdadeiro culto que agrada a Deus? Tornando esta pergunta mais pessoal: Deus tem se agradado do meu culto? Eu tenho agradado a Deus com a minha adoração, com a minha vida?
Fato
Irmãos, esses questionamentos o evangelho de hoje nos instiga a fazer. E Jesus nos ajuda a ter clareza sobre o culto que agrada a Deus em mais uma discussão que Ele está tendo com os mestres da lei e os fariseus.
Os mestres da lei saíram de Jerusalém, a capital religiosa e foram para a região da Galiléia onde Jesus estava com os seus discípulos. Eles estavam preocupados com a fama de Jesus que se espalhava rapidamente. As pessoas estavam deixando de procurar por eles para irem ao encontro de Jesus. Pelo que ouviam a respeito de Jesus, parecia que seu ensinamento não se enquadrava nos padrões religiosos da época, e suas orientações rompiam com o sistema religioso estabelecido. Unindo-se aos fariseus, os mestres da lei que também eram apegados e zelavam pelas tradições dos seus antepassados, observavam Jesus, esperando encontrar alguma contradição em seus ensinos ou pratica para ser usado contra ele.
A brecha que eles esperavam não veio de Jesus, mas dos discípulos de Jesus. Viram que alguns dos discípulos estavam comendo sem lavar as mãos. Para os judeus que seguiam a risca a tradição dos seus antepassados, lavar as mãos não era uma simples questão de higiene. Segundo a tradição aquele era um importante ritual de purificação que devia ser observado por todos. O contato exterior com as coisas poderia tornar impuro o coração humano. Um judeu fiel as suas tradições, para vocês terem uma ideia, jamais tocaria num pagão para não ser contaminado. A impureza interior, acontecia por um gesto puramente exterior.
Desenvolvimento
Os mestres da lei e os fariseus aproximaram-se de Jesus com o intuito de desmascará-lo, mas acabaram sendo desmascarados por Jesus. Tudo começou com a crítica feita aos discípulos: “Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?” (V.5) Diante das fraquezas e incompreensões Jesus tinha muita paciência. Mas quando identificava má vontade, incredulidade e hipocrisia, ele era duro e direto.
Como resposta a eles Jesus cita o que Deus por intermédio do profeta Isaías já tinha dito a muito tempo a respeito deles: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” (V. 6 e 7) Jesus está dizendo: vocês são hipócritas! Vocês honram a Deus da boca para fora, mas o coração de vocês está longe de Deus. A adoração de vocês é falsa. “Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos” (V.8), tradições humanas.
I. Na sua discussão com os mestres da lei e fariseus Jesus mostra:
Jesus mostra que a Palavra de Deus é a fonte da autoridade religiosa, não as tradições humanas. A tradição só é proveitosa quando ela contribui para a pregação do Evangelho. Quando ela nos ajuda a compreender melhor os feitos de Deus e os seus mandamentos.
Nós temos algumas coisas no nosso culto que é tradição. Por exemplo: velas acesas sobre o altar. Está escrito na Bíblia que se devem ter velas acesas no altar? Não está! Mas nós temos! É uma tradição. Uma boa tradição que nos ajuda a compreender a mensagem do amor de Deus. O fogo no altar simboliza que Cristo é a luz do mundo. A vela consome-se para dar luz, Cristo sacrificou-se por nós. Cristo deixou-se consumir para nos tirar das trevas do pecado para a sua maravilhosa luz do perdão e vida eterna.
Agora, se algum dia faltar velas e o culto for realizado sem elas, beleza, não tem problema nenhum. O que não pode acontecer é alguém dizer no fim do culto: pra mim hoje o culto não valeu nada, faltou às velas no altar. Aí a tradição já está sendo mais importante do que a própria palavra de Deus.
II. Na sua discussão com os mestres da lei e fariseus Jesus mostra também:
Jesus mostra que o verdadeiro problema da humanidade não é a sujeira que se apega às mãos, mas a poluição profunda da mente e do coração, que nenhum banho é capaz de lavar.
Para quem pensava que a fonte do mal era externa, que as impurezas vem do contato com pessoas ou coisas impuras, Jesus mostra para eles a verdadeira fonte do mal. Um pouco adiante do nosso texto Jesus vai dizer: “... o que sai de dentro, isto é, do coração da pessoa, é que faz com que ela fique impura”. (V.15)
O problema do ser humano, de cada um de nós, começa no coração. Somos pecaminosos por natureza. “Nascemos na iniquidade e em pecado nós fomos concebidos.” Depois da discussão com os fariseus e escribas, Jesus disse em casa, em Cafarnaum, aos seus discípulos: “Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai. Porque é de dentro, do coração, que vem os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir sem pensar nas consequências.” Mc 7.20-22.
O que Jesus quer mesmo é um coração arrependido de seus pecados e que confia nos méritos por ele conquistados na cruz como pagamento por nossos pecados. Ser justo e puro diante de Deus não depende do cumprimento de regras, mas da aceitação do sacrifício de Jesus em nosso favor.
O verdadeiro culto que agrada a Deus começa com o reconhecimento de nossos pecados passa pelo arrependimento e chega à fé no coração. Na confiança de que aquilo que Cristo fez por mim é o que me torna limpo diante de Deus. A Bíblia diz em 1 Jo 1.7 que “o sangue de Jesus... nos purifica de todo pecado.” Essa purificação acontece em primeiro lugar no coração de onde procedem todos os maus desígnios como bem disse Jesus. Mas não fica aí. Parte para o louvor de lábios em culto como agora. Onde eu abro a minha boca para confessar diante de Deus os meus pecados, para agradecer pelas bênçãos recebidas, para pedir aquilo que necessito, para cantar louvores e glorificar o seu santo nome. E o verdadeiro culto que agrada a Deus não fica restrito somente a esse momento de culto. É aquele que nos acompanha ao sairmos daqui. É praticado em casa com a família e fora de casa onde quer que eu esteja. Nosso culto a Deus não termina nunca, é uma vida de amor a Deus e ao próximo no dia a dia.
Conclusão
Passar a limpo o nosso interior, permanentemente, e escolher sempre o caminho do amor que resgata, nos recria, nos perdoa e nos reconcilia com Deus, é a condição de um povo que louva a Deus com os lábios e também com o coração. Permaneçamos com os nossos corações verdadeiramente íntimos de Deus. Amém.
Pr. Fernando Santos Boone
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