Segundo Domingo Após Epifania – 20-01-2013
Sl 128; Is 62.1-5; 1 Co 12.1-11; Jo 2.1-11
Introdução
Em uma carpintaria, ocorreu uma estranha assembleia. Foi uma reunião de ferramentas para acertarem suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os participantes logo lhe disseram que teria que renunciar. A causa? Fazia muito barulho; e, além do mais, passava todo o tempo golpeando.
O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir o que queria.
Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito.
Nesse momento, entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente, a rústica madeira se transformou num lindo e fino móvel.
Depois que o carpinteiro foi embora, a assembleia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: ‘Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes.’
Todos entenderam que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato. Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos.
Fato
Essa história ilustra bem o que o Apóstolo Paulo está ensinando no texto de 1 Coríntios capítulo 12. O Apóstolo fala a respeito dos dons espirituais que o Espírito Santo dá a cada pessoa.
Segundo o texto Bíblico, todos nós recebemos do Espírito Santo dons espirituais. E cada um, com o dom que recebeu, é uma ferramenta, um instrumento nas mãos do carpinteiro que é Deus. O nosso criador. E Deus deseja usar o dom de cada um para construir uma igreja unida e forte.
Paulo denuncia que o mal uso dos dons estava causando divisões na congregação de Corinto. E Deus quer nos vacinar contra esse mal que pode afetar qualquer igreja, enfraquecer qualquer congregação.
O individualismo e o valor excessivo dado a alguns dons, e o desprezo de outros considerados menos importantes, foi um fator que contribuiu para as divisões entre os coríntios.
Desenvolvimento
No Capítulo 12, depois de falar da diversidade de dons nos primeiros versículos, nos versículos seguintes (12-31), Paulo usa a imagem do corpo para argumentar em favor da unidade e para exortar os coríntios para que usem seus dons pelo bem comum de todo corpo que é a igreja de Cristo. Paulo deixa claro que o Espírito se manifesta através de uma variedade ampla de dons, e nenhum deve ser excluído. O corpo precisa de uma diversidade de membros para funcionar. De igual modo a igreja, uma congregação precisa de uma diversidade de dons trabalhando juntos, senão ela fica incompleta e o seu funcionamento fica prejudicado.
Por isso, o que Paulo faz? Ele encoraja aqueles que sentem que seus dons são inferiores ou desnecessários. Paulo reafirma a eles que o corpo precisa da contribuição de cada membro. Ele diz: “o olho não pode dizer para a mão: ‘Eu não preciso de você.’ E a cabeça não pode dizer para os pés: ‘não preciso de você’. O fato é que as partes do corpo que parecem ser mais fracas são as mais necessárias”, (v. 21-22). No corpo de Cristo, que é a igreja, todos são importantes. Todos os membros, do menor ao maior, do mais novo ao mais velho, do mais pobre ao mais rico, todos tem o mesmo valor e são importantes para a boa saúde da igreja e para que a mesma funcione.
Aos que consideravam seus dons espetaculares e tinham a atitude de “não preciso de vocês”, Paulo deixa claro: não tem o direito de dizer a outros cristãos que seus dons são menos valiosos ou importantes. Nenhum dom dado por Deus pode ser considerado pouco importante ou de menor valor do que outro.
Sabe o que acontece muitas vezes, e eu posso nem me dar conta disso? Talvez eu não chegue ao extremo de dizer com palavras a um irmão na fé que ele não sabe fazer nada, que seus dons são menos valiosos ou importantes; mas uma atitude fala mais que mil palavras. E eu preciso cuidar para que o meu jeito de agir exercendo o dom que Deus me deu, não seja um divisor, mas um unificador, um agregador de novos dons. Eu preciso cuidar para que a minha atitude não reprima, não diminua nem impeça que o meu irmão encontre o seu espaço e sirva o Senhor com os seus dons.
Paulo diz no último versículo do texto de hoje que o Espírito Santo “dá um dom diferente para cada pessoa, conforme ele quer” (v.11). Um pouco antes ele diz que o Espírito Santo da esses dons para o bem de todos, para um bem proveitoso e que Deus dá a cada um alguma prova da presença do Espírito Santo. (1 Co 12.4-7) A presença do Espírito Santo na minha vida é percebida e se manifesta através do dom que eu recebi de Deus.
Agora eu deixei gente preocupada aqui. Xiiii pastor, até hoje eu não sei qual é o meu dom. Eu acho que não tenho dom nenhum..., o que eu faço fulano faz melhor do que eu. Será que eu ainda não tenho o Espírito Santo na minha vida? Certamente o Espírito Santo está presente na vida de todos aqui. Caso contrário nós não estaríamos aqui. Paulo está dizendo que ninguém pode dizer, nem mesmo: “Jesus é Senhor”, a não ser que seja guiado pelo Espírito Santo. (V.3) Portanto, se com a tua boca você pode dizer “Jesus é Senhor”, e o teu coração crê nisso, você tem o Espírito Santo. E mais, você tem pelo menos um dom especial que o Espírito Santo te deu. E o desejo de Deus é que os seus filhos sejam despertados e depois coloquem os seus dons a serviço do seu reino. Usem os seus dons para a união e o fortalecimento da sua igreja.
Muitos aqui já descobriram os seus dons e tem servido a Deus com eles nesta congregação. E Deus se alegra com isso! Muitos outros estão adormecidos e precisam ser despertados. E eu estou aqui para ajuda-los a descobrir os seus dons, onde e como você pode coloca-los a serviço do Senhor em sua igreja.
Pastor, na minha antiga Paróquia eu dava aula na escola dominical. Opa! Ótimo, seja bem vinda (o)! Estamos precisando, quanto mais melhor. Pastor, eu já toquei um instrumento, agora eu estou um pouco enferrujado, estou muito tempo parado. Não tem problema, vamos dar um jeito nisso e colocar pra funcionar. Pastor eu sei isso! Pastor eu posso fazer aquilo! Eu estou dizendo isso porque é muito prazeroso para Deus, quando um filho seu tem o desejo e se dispõe a servi-lo com os seus dons. Além do mais, a pessoa se sente um cristão melhor e mais feliz por se sentir útil para Deus.
Voltando a história do inicio, assim como os participantes daquela inusitada assembleia perceberam que o martelo dava golpes, que o parafuso dava voltas para conseguir o que queria, que a lixa era áspera no trato com os outros, e o metro media os outros a partir de si mesmo, ou seja, enxergaram só os pontos negativos de cada um. Assim também nós agimos. Os defeitos dos outros são sempre grandes aos nossos olhos, enquanto que as qualidades quase precisamos de uma lupa para enxergar. Saibamos que todos nós temos defeitos e cometemos muitos erros, somos pecadores. Mas, Deus em Cristo já nos perdoou, seu Espírito nos deu dons especiais e é com esses dons, o que nós temos de melhor que Deus quer trabalhar.
Conclusão
Sem importar os diferentes dons e os vários graus nos quais os recebemos, o Espírito Santo deu a todos, como dons que vêm de Deus. Nossas diferentes vocações, dons e talentos têm todos uma fonte comum, o criador dos céus e da terra. Este é o reconhecimento fundamental ao qual Paulo tentou levar os coríntios. Quando reconhecemos que todos estes dons vêm de Deus, também entendemos que Deus não está preocupado com as diferenças entre os dons, mas apenas com a forma como os usamos. Aos nossos olhos, ações e obras terrenas variam em glória e importância. Aos olhos de Deus, as diferentes obras em si não são o que é importante. Antes, Deus olha especialmente para nossa resposta a ele através de nossos dons. Resposta esta que tem como motivação principal o dom gracioso de Deus que é o perdão dos pecados e a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor! Amém.
Pr. Fernando Santos Boone