Quarto Domingo Após Pentecostes – 24-06-2012
Sl 124; JÓ 38.1-11; 2 Co 6.1-13; Mc 4.35-41
Introdução
Depois de um dia inteiro de muito trabalho, curando enfermos, aconselhando e ensinando sobre o Reino de Deus a uma multidão as margens do lago da Galiléia, Jesus chama os seus doze discípulos para subirem no barco com ele e atravessarem para o outro lado. Jesus sabia que lá havia um homem dominado por um espírito mau precisando de ajuda. (Mc 5.2)
Fato
Alguém talvez possa pensar que depois de um dia inteiro de trabalho intenso, Jesus queria ir para a outra margam do lago da Galiléia para descansar. Imagino que tenha sido este também o pensamento dos discípulos quando viram o mestre dormindo profundamente no barco. Jamais deve ter passado pela cabeça dos discípulos que aquela viagem poderia ser uma provação para a fé deles.
Desenvolvimento
Diz o Evangelho que durante a navegação, “começou a soprar um vento muito forte , e as ondas arrebentavam com tanta força em cima do barco, que ele já estava ficando cheio de água.” (v.37) As tempestades são maiores que nossas forças, afinal de contas nós não podemos controlar as tempestades. Os discípulos eram pescadores experientes, pescadores profissionais que passaram boa parte de suas vidas no mar, e justamente naquele mar, o mar da Galiléia, eles conheciam cada palmo desse mar. Eles estavam se esforçando o máximo mas seus esforços não podiam controlar a tempestade. Quando viram que não podiam fazer mais nada, que iam afundar clamaram pelo socorro de Jesus: Mestre! Nós vamos morrer! O Senhor não se importa com isso: (v.38)
“O Senhor não se importa com isso?” Isso que os discípulos disseram deve-se ao fato de Jesus estar dormindo na parte detrás do barco em meio aquela tempestade. O sono de Jesus aqui aponta para duas realidades. A primeira é que Jesus realmente estava cansado. Depois de um dia inteiro de trabalho é normal sentirmos cansaço. Com Jesus não foi diferente. Depois de passar o dia curando, aconselhando e ensinado uma multidão de pessoas, é natural Jesus ter sentido cansaço. Aqui nós não podemos esquecer que Jesus era verdadeiro Deus, mas também verdadeiro homem. Paulo escreve em Filipenses 2. 7: “Ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. “Igual aos seres humanos” inclusive no sentir cansaço após um dia intenso de trabalho.
A segunda realidade é que o sono de Jesus naquele momento tinha um objetivo pedagógico. O sono de Jesus não era indiferença frente aquele problema, mas algo para o crescimento dos discípulos. Se vocês olharem no contexto, vão perceber que os discípulos estavam com Jesus a pouquíssimo tempo. No capítulo 3 de Marcos Jesus escolhe os seus discípulos. No capítulo 4 Jesus está na margem do lago da Galiléia ensinando sobre o Reino de Deus aos discípulos e também à multidão através de Parábolas. No final do capítulo 4 é que Jesus chama os seus discípulos para atravessar o lago da Galiléia. Ou seja, até aquele momento os discípulos não tinham vivenciado grandes experiências seguindo Jesus. A relação deles com Jesus ainda reservava alguma desconfiança. Eles ainda não sabiam quase nada a respeito de Jesus. E isso fica evidenciado no texto do Evangelho. Depois de ver Jesus acalmar aquela tempestade com o poder e a autoridade da sua voz, com admiração eles diziam: Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?" (v.41)
O medo deu lugar à admiração. Toda aquela agitação deu lugar à tranquilidade. Os discípulos cresceram no conhecimento a respeito de Jesus. Foram firmados na fé em seu mestre.
Aplicação
Irmãos, nós todos precisamos igualmente crescer no conhecimento de Deus. Precisamos ser firmados na fé em nosso salvador. Continuamente precisamos ser lembrados que para Deus nada é impossível, "que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus."
Nas águas do mar da vida nós somos como um barco que está sujeito a enfrentar tempestades. Todos nós temos os momentos de tempestades. Elas vem para todos, seja rico ou pobre, seja bonito ou feio, seja preto ou branco. As tempestades vêm. São problemas no casamento, problemas com filhos, problemas no trabalho, enfermidades, falta de dinheiro, entre outras coisas. Isso faz com que fiquemos tristes, angustiados, desanimados, temerosos e a sensação muitas vezes é de que vamos afundar.
Também é verdade que às vezes chegamos a pensar como os discípulos: Que o Senhor não se importa conosco. Eu oro, oro, e nada acontece, a tempestade não passa. O problema não se resolve. A cura da doença não vem. E nós pensamos: será que Deus não se importa com isso? Será que Deus não dá a mínima para o meu problema?
O fato é que não enxergaríamos as estrelas se não fosse à escuridão! Assim é muitas vezes do meio de uma tempestade que nós enxergamos o Deus maravilhoso e todo-poderoso que nós temos.
A presença de Jesus no barco da nossa vida não impede a tempestade, mas revela quem está no controle da situação. Não estamos nas mãos dos ventos, temporais ou circunstâncias. Existe um Deus no comando. “Eu sou Deus – Aquietai-vos e sabei” (Sl 46.10).
Deus usa tribulações para revelar a nós o seu poder - Deus "não dorme", Deus silencia as vezes. Seu silêncio é pedagógico. Ele deseja nos ensinar que "as tempestades", não estão fora de seu domínio. “Quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego?”. Jesus afirma que nem aquele homem cego, nem seus pais, mas aquela situação era uma forma de Deus revelar seu poder (Jo 9). Deus usa a tribulação para revelar sua glória aos seres humanos.
Conclusão
Em Is 43.2,3 Deus diz: “Quando você atravessar águas profundas, eu estarei ao seu lado, e você não se afogará. Quando passar pelo meio do fogo, as chamas não o queimarão. Pois eu sou o SENHOR, seu Deus,... o seu salvador.”
Tragédias e circunstâncias podem nos vir, e virão, mas temos a convicção de que não estamos entregues ao acaso, à coincidência, à uma direção cega. Somos filhos de Deus, que fará de tudo para que nossa alegria seja completa, para que sejamos edificados na fé em seu Filho Jesus Cristo. E para que a sua glória se revele por inteira em nosso coração.
Fixemos os nossos olhos naquele que está no controle de nossa vida. Confiemos em Jesus de todo o nosso coração, pois ele acalmou a ira de Deus, morrendo em nosso lugar na Cruz, pagando o preço do nosso pecado. Depositemos em suas mãos a nossa vida, confiando que ele sempre estará acalmando a tempestade e nos conduzindo por este mundo em segurança até o final de nossa vida. Que assim seja. Amém.
Pastor Fernando Santos Boone
Pastor Fernando Santos Boone