Segundo Domingo Após Pentecostes – 10-06-2012
Sl 130; Gn 3.8-15; 2 Co 4.13-5.1; Mc 3.20-35
Introdução
Pare de sofrer! Digitei essa frase na internet para ver que resultados eu teria. Para minha não surpresa, foi como eu imaginava. Como resultado tive fotos de fachadas de igrejas com letras bem grandes e em cores diferentes para destacar: PARE DE SOFRER!
Também apareceram inúmeras letras de músicas com esse tema. Parte de uma música dizia o seguinte: “Pare de sofrer agora, Jesus tem pra você toda vitória. Agora só depende de você, Continuar sofrendo ou vencer.”
Fato
Irmãos, temos ouvido por aí um evangelho que não é evangelho. Um evangelho que diz que você não pode ter problemas. Porque se você tiver problemas é falta de fé. Se você tiver problemas de saúde, é falta de fé. Se você está com problemas financeiros é falta de fé. “Porque Deus nos chamou para vivermos bonitos, saudáveis e ricos pelo resto da vida”. Meus irmãos isso é um equivoco. Um erro de interpretação da Escritura Sagrada. Por que a Bíblia nos ensina que a vida cristã se compõe de erros e acertos, momentos de saúde e de enfermidade, momentos de abundancia e momentos em que você vai ter que apertar o orçamento. Isso é natural! A vida cristã, ela é completa. A vida cristã não é apenas esse mar de rosas. E também a vida cristã não é um voto de pobreza, não é só aflição, não é só problema.
Desenvolvimento
E tem um homem na Bíblia chamado Apóstolo Paulo que tem uma vida fantástica. Uma vida de comunhão com Deus, de intimidade e proximidade com Deus. No entanto, quando olho para o texto de hoje da epístola de 2 coríntios capítulo 4, eu vejo esse homem de Deus falando em sofrimentos. E quando eu olho para o que Paulo vinha falando desde o inicio, desde o capítulo 1, eu vejo um cristão que tinha passado por muitas aflições, um cristão que ainda passava por aflições contando a sua experiência de vida, para fortalecer outros com aquilo que não o deixou desanimar.
Em 2 Co 1. 8, Paulo vai dizer assim: gente, eu crente como sou, homem de Deus, Apóstolo, homem de fé, quero dizer para vocês que eu passei por momentos difíceis na minha vida. Olha só o que Paulo está dizendo: “Irmãos, queremos que saibam das aflições pelas quais passamos na província da Ásia. Os sofrimentos que suportamos foram tão grandes e tão duros, que já não tínhamos mais esperança de escapar de lá com vida”. Ora, se o Apóstolo Paulo teve um momento da vida dele que ele sentiu desesperança, tribulação, dificuldade... ele diz: gente teve um momento que eu achei que ia morrer, de tão feia que estava a coisa. Se o Paulo passou por isso, quem somos nós para dizer que um cristão do sec. 21, como você e eu, normalzinho, não vai passar por esses momentos.
Olha o que diz o v. 12 do capítulo 1. Paulo diz: “É disto que temos orgulho: a nossa consciência nos afirma que a nossa maneira de viver no mundo, e especialmente em relação a vocês, tem sido dirigida pela franqueza e sinceridade que Deus nos dá e também pelo poder da sua graça e não pela sabedoria humana”. Paulo está dizendo: Olhem para a minha vida. Eu tenho passado dificuldade apesar de andar em santidade. Apesar de andar em santidade! E no v.17 olha o que ele diz: “Será que fui irresponsável quando resolvi fazer isso:” Não fui irresponsável diz ele, mas em determinado momento da minha vida eu passei por dificuldade, passei por tribulação, passei por angustias. Quero que vocês saibam disso.
Agora, interessante também é o que o Apóstolo Paulo vai dizer mais adiante no Capítulo 3. 13. Paulo diz: “Nós não fazemos como Moisés, que cobria o rosto com um véu para que os Israelitas não pudessem ver que o seu brilho estava desaparecendo”. Paulo aqui cita Exodo 34 quando Moises desceu do monte Sinai com as tábuas dos dez mandamentos. O rosto de Moises brilhava encantadoramente por ter estado na presença de Deus. Acontece que esse brilho foi desaparecendo aos poucos e Moises colocou um véu para que as pessoas não percebessem que o seu brilho, fruto da sua relação com Deus, estava desaparecendo. Paulo aqui está dizendo: eu não sou mentiroso igual Moisés tentou ser. Eu não sou como Moisés que tentou vender uma espiritualidade mentirosa. Quero dizer que vida cristã tem tribulação, tem dificuldade, eu fico alegre, eu fico triste, que isso é normal na vida cristã.
Por isso, no v.2 do capítulo 4 Paulo diz: Nós rejeitamos tudo o que é feito escondido e tudo o que é vergonhoso. “Não agimos de má fé, nem falsificamos a mensagem de Deus.” Tem muita gente por aí falsificando a Palavra de Deus. Tão falsificando a palavra de Deus como falsificam notas de cinquenta reais, como adulteram gasolina. Ou seja, parece mas não é. “Pare de sofrer agora, Jesus tem pra vc toda vitória. Agora só depende de você, Continuar sofrendo ou vencer.” Mensagens assim é um belo exemplo de como estão falsificando, adulterando a mensagem de Deus. Jesus não nos deixou uma receita para não sofrermos. Ele não disse: faça isso, deixe de fazer aquilo e não sofrerás! De modo algum. Jesus disse: “No mundo vocês vão passar por aflições.” Isso faz parte da minha vida como ser humano. Deus em sua Palavra me ensina a sofrer. Me ensina como suportar o sofrimento, como passar pela tribulação e não desanimar.
Paulo, agora meus irmãos, depois de falar dos seus sofrimentos, das suas aflições e angustias, vai revelar aquilo que fez com que ele dissesse no v.16 do texto de hoje: “Por isso nunca ficamos desanimados”.
Paulo começa a nos mostrar porque ele nunca desanimava no v. 8: “Muitas vezes ficamos aflitos, mas não somos derrotados. Algumas vezes ficamos em dúvida, mas nunca ficamos desesperados”. V.9: “temos muitos inimigos, mas nunca nos faltam um amigo. Ás vezes somos gravemente feridos, mas não somos destruídos”. V.10: “Levamos sempre no nosso corpo mortal a morte de Jesus para que também a vida dele seja vista no nosso corpo”. V.14: “Pois sabemos que Deus, que ressuscitou o Senhor Jesus, também nos ressuscitará com ele e nos levará, junto com vocês, até a presença dele”.
Depois de dizer essas coisas, aí ele chegou no v.16 e disse: “Por isso nunca ficamos desanimados”. Ele contou o que era a vida dele. Ele disse: olha, passei por dificuldades, por tribulação, por angustias, sofri perseguições, fiquei estressado... Fiquei mal, mas não desanimei. Não desanimei por que na aflição Deus não permitiu que eu fosse derrotado. Não desanimei porque diante das situações embaraçosas da minha vida, Deus não permitiu que eu me desesperasse. Embora ferido algumas vezes, Deus não permitiu que eu fosse destruído. E eu não desanimei porque eu sei que se em um desses momentos complicados da minha vida eu tivesse morrido, o Deus que ressuscitou Jesus também vai me ressuscitar e levar para junto dele no céu.
E tem mais, eu não desanimei porque, ai ele segue dizendo no v. 16: “mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia”. Paulo está dizendo: Olha, eu sei e eu já posso sentir no meu corpo que fisicamente eu já não sou o que era alguns anos atrás. Mas interiormente eu me sinto bem. Espiritualmente eu me sinto com todo vigor. A minha vida espiritual vem se renovando diariamente. Quando sou fraco é que sou forte.
E não estou desanimado diz Paulo no v.17: “Porque essa leve e passageira aflição que sofremos vai nos trazer (produzir) uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento.” Por isso eu não estou desanimado, diz Paulo. Eu não estou desanimado porque a tribulação na minha vida tem três característica. A tribulação é leve, passageira e é produtiva.
A tribulação é leve porque eu coloco ela sobre os ombros de Jesus. “Vinde a mim, vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu julgo e aprendei de mim... Porque o meu julgo é suave, e o meu fardo é leve”. Mt 11.28 -30 A tribulação é leve porque eu coloco ela nas mão do senhor Jesus.
Eu sei, e por isso não vou viver desanimado porque eu sei que a tribulação é momentânea – No mundo vocês vão passar por aflições. Passar! Ninguém vai ficar na aflição. Tende bom animo, eu venci o mundo, disse Jesus.
E a tribulação é produtiva – Ela vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. O próprio Paulo quando escreve a sua carta aos Romanos no capítulo 5 diz: “e também nos alegramos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança; e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado.” (Rm 5. 3-5)
Irmãos, não existe nada que amadureça mais o ser humano do que a tribulação. E graças a Deus quando a nossa vida está em Cristo Jesus essa tribulação é leve, é momentânea e é produtiva. Mas é preciso estar em Cristo Jesus.
E Paulo diz mais: “Não desanimamos porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre.” V.18 Aqui Paulo está dizendo: Sabe por que eu não desanimo? Porque eu não estou preso às coisas aqui deste mundo onde tudo passa e tudo se acaba. Eu não desanimo porque a minha vida espiritual que vem se renovando e se fortalecendo dia a dia, me faz olhar para o invisível, para as promessas maravilhosas de Deus. Porque “nós sabemos que, quando for destruída esta barraca em que vivemos, que é o nosso corpo aqui na terra, Deus nos dará, para morarmos nela, uma casa no céu. Essa casa não foi feita por mãos humanas; foi Deus quem a fez, ela durará para sempre.” (5.1) Quem não gosta de morar numa casa nova, sem problemas, sem complicações e sem defeitos? Todos sonham com uma casa assim. Assim seremos lá no céu. Hoje somos como barracas, lá no céu teremos um corpo celestial como o de Cristo. Uma casa perfeita. Que não é feita por mãos humanas. É feita pelo próprio Deus que ressuscitará esse nosso corpo e nos fará morar com ele eternamente.
Conclusão
O salmista no salmo de hoje sabia disso. Por isso, com todo o seu entusiasmo ele diz: “Eu espero pelo SENHOR mais do que os vigias esperam o amanhecer, mais do que os vigias esperam o nascer do sol. ... E ainda nos aconselha: Ponha a sua esperança em Deus, o SENHOR, porque o seu amor é fiel, e ele sempre está disposto a salvar.” (Sl 130.6,7) Amém!
Pastor Fernando Santos Boone
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