Nono Domingo Após Pentecostes – 29-07-2012
Sl 136.1-9; Gn 9.8-17; Ef 3.14-21; Mc 6.45-56
Introdução
No evangelho da semana passada nós meditamos sobre o extraordinário milagre da multiplicação. Onde Jesus, cheio de compaixão atendeu e curou os enfermos, ensinou a palavra de Deus e ainda alimentou a multidão que o seguiu multiplicando pães e peixes.
Fato
O evangelho de hoje conta o que aconteceu depois de tudo isto. Tudo o que havia acontecido, a cura dos enfermos, o ensino e o milagre da multiplicação aconteceu às margens do lago da Galiléia, num lugar deserto. Jesus agora pede para aquela multidão ir embora. As suas enfermidades já tinham sido curadas, as suas vidas já tinham sido orientadas e as suas almas alimentadas com os seus ensinamentos. Suas barrigas também estavam cheias de pão e peixes. Não havia mais necessidade daquelas pessoas continuarem ali. Elas agora precisavam voltar para as suas casas. Voltar para suas famílias e para os seus afazeres, onde deveriam colocar em pratica no viver diário tudo aquilo que ouviram e aprenderam de Jesus.
Jesus e os discípulos também não permaneceriam ali. Dali eles partiriam de barco para o povoado de Betsaida. Jesus, porém, ordenou aos discípulos que subissem no barco e fossem indo na frente. Enquanto isto, diz o evangelho, Jesus subiu um monte para orar.
Desenvolvimento
Por quê? Por que razão Jesus sobe ao monte para orar? Qual é o motivo? O motivo que levou Jesus a orar é o mesmo que levou o Apóstolo Paulo a orar pelos Efésios conforme nós ouvimos na epístola de hoje. Paulo está dizendo: “Por esse motivo eu me ajoelho diante do Pai... peço a Deus que, da riqueza da sua glória, ele, por meio do seu Espírito, dê a vocês poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no coração de vocês. E oro para que... vocês possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade.” (Ef 3. 14,16,17,18)
Paulo aqui está orando por pessoas fracas espiritualmente. Pessoas que ainda não compreenderam a profundidade, a grandeza do amor de Cristo. Jesus foi ao monte orar a Deus pelo mesmo motivo. Jesus foi pedir pela multidão que ele tinha alimentado física e espiritualmente, para que eles pudessem compreender esse amor de Cristo, que ele é o pão da vida. E Jesus também foi orar pelos discípulos. Jesus está preocupado com a falta de compaixão deles para com as muitas ovelhas sem pastor. No episódio da multiplicação dos pães eles queriam que Jesus mandasse as pessoas embora. Que cada um procurasse o que comer. Os discípulos ainda estavam naquela fase: é problema deles não é nosso. Cada um se vira como pode. Os discípulos ainda não tinham compreendido a profundidade e a grandeza do amor de Cristo que é o mesmo por cada ser humano. O texto do evangelho deixa claro que eles não tinham compreendido o milagre da multiplicação: “... a mente deles estava fechada, e eles não tinham entendido o milagre dos pães.” Diz o V.52 Jesus via fraqueza espiritual na vida de seus discípulos. E intercede ao Pai para que eles sejam fortalecidos e compreendam o plano de Deus para as suas vidas. Afinal eles seriam suas testemunhas até os confins deste mundo.
Nós vimos no evangelho que Jesus não ficou só na intercessão. Jesus também agiu em favor dos seus discípulos. Do alto do monte onde foi orar, Jesus tinha uma visão privilegiada. Olhando na direção dos seus discípulos Jesus viu que eles começavam a enfrentar problemas. O vento forte que vinha na direção contrária dificultava a navegação dos discípulos. Já era madrugada e a tempestade tinha ficado ainda mais forte. Jesus sabendo que os seus discípulos estavam em dificuldades e apavorados foi até lá caminhando sobre as águas para ajuda-los. O medo e o desespero já tinham tomado conta de todos. Mais apavorados eles ficaram quando viram Jesus caminhando sobre as águas na direção deles. Pensaram que era um fantasma. A tempestade e o medo os impediram de reconhecer Jesus. Então Jesus se apresenta e diz para terem coragem, era ele que estava ali.
No evangelho de Mateus é acrescentada uma parte em que Pedro diz para Jesus: Se é o Senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o Senhor está. Venha! Disse Jesus! Pedro desceu do barco e não afundou. Deu o primeiro passo na direção de Jesus e continuou de pé. Deu mais alguns passos e tudo ia muito bem, até Pedro tirar os seus olhos de Jesus e começar a se preocupar novamente com a tempestade. Foi então que ele começou a afundar e gritou: SENHOR, socorro! Diz o evangelho de Mateus que “Imediatamente Jesus estendeu a mão e segurou Pedro (Mt 14. 31) Depois Jesus subiu com Pedro no barco, e com Jesus no barco a tempestade acalmou e a viagem seguiu tranquila.
Aplicação
Irmãos, esse acontecimento nos ajuda a fazer algumas reflexões importantes para a nossa vida. Uma reflexão que nós podemos fazer é que Jesus se preocupa, e portanto, está sempre intercedendo por nós diante do Pai, para que nós sejamos fortalecidos espiritualmente. Para que ele, Cristo, viva sempre em nossos corações. E para que nós compreendamos a grandeza do seu amor por nós e sejamos testemunhas dos seus feitos maravilhosos.
Uma outra reflexão que podemos fazer é que nós somos parecidos com os discípulos e especialmente com Pedro. Ora, corajosos, prontos para caminhar na direção de Jesus; ora temerosos, fraquejamos diante das dificuldades e tempestades da vida e quase afundamos. Sabe irmãos, uma coisa para nós refletirmos: As vezes, nos momentos difíceis, quando as pessoas estão com problemas elas se afastam de Deus. Primeiro elas querem resolver tudo para depois voltarem a Deus, frequentarem os cultos regularmente, participar da Santa Ceia novamente. Fazem o caminho contrário. É como se eu não me sentisse digno de estar na presença de Deus. De estar perto de Deus. Primeiro eu quero dar um jeito na minha vida depois eu vou me apresentar diante de Deus com dignidade. Nesses casos, sabe o que acontece: falta aquilo que Paulo está dizendo na epístola de hoje – falta “compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade.”
Não é longe de Deus que eu vou conseguir organizar a minha vida. É estando perto dele, sendo fortalecido na sua Palavra e na Santa Ceia que Deus vai me capacitar, orientar e socorrer. O comportamento de Pedro nos ensina uma coisa muito importante. Ele mostra que o discípulo de Jesus não é aquele que nunca afunda, mas o que sempre volta a confiar. Acima de nossa pouca fé, está a misericórdia infinita de Deus, basta pedirmos a ele o seu socorro e o seu braço se volta em nossa direção para nos erguer novamente. O amor que Deus tem por nós é profundo. Por isso a recomendação do salmista no salmo de hoje foi: “Dêem graças a Deus, o SENHOR, porque ele é bom; porque o seu amor dura para sempre.” (Sl 136.1)
O evangelho termina dizendo que Jesus subiu no barco com os discípulos e a tempestade se acalmou. Irmãos, digamos que a nossa casa, que a nossa família, que a nossa vida seja um barco. Olhando para esse barco, o que nós estamos vendo: Uma navegação tranquila, ou uma navegação complicada em meio a tempestades de problemas e dificuldades? Se for esse o caso e se algum dia estivermos nessa situação não esperemos a água bater no pescoço. Diga: Senhor, socorro. A Bíblia diz que Deus é o nosso refúgio e fortaleza socorro bem presente nas tribulações. Deus quer que nós entreguemos a direção das nossas vidas em suas mãos.
Deixar Deus conduzir a nossa vida através da sua Palavra, não significa que não vamos enfrentar tempestades. O próprio Jesus em outra ocasião disse para os seus discípulos: No mundo vocês vão passar por aflições, mas não se preocupem, eu vou estar com vocês até a consumação dos séculos. Deixar Deus dirigir a nossa vida, significa que vamos passar pelas tempestades sem afundar por que Ele sempre irá nos socorrer. Ele sempre estenderá a sua mão para nos ajudar.
Conclusão
E Deus pode fazer isso de várias formas, Ele é todo poderoso. Mas hoje aqui ele estende a sua mão em nossa direção através da sua Palavra e através da Santa Ceia. Deus usa esses meios tão extraordinariamente ao nosso alcance, para selar o perdão em nosso coração, para fortalecer a nossa fé e manter Cristo vivo em nossos corações. Amém!
Pastor Fernando Santos Boone