Vigésimo primeiro Domingo após Pentecostes – 21-10-2012
Sl119. 9-16; Ec 5.10-20; Hb 4.1-13; Mc 10.23-31
Introdução
Alexandre o Grande foi um rei da Macedônia que viveu no século 4 a.C. Ele ficou eternizado na história do mundo Antigo por ter conquistado um enorme e rico império, sem nunca ter perdido uma batalha nas guerras. Conta-se que quando estava à beira da morte, ele convocou os seus generais e comunicou a eles os seus três últimos desejos:
1. Que seu caixão fosse levado aos ombros e transportado pelos melhores médicos do seu reino. 2. Que os tesouros que tinha conquistado (prata, ouro e pedras preciosas), fossem espalhados pelo caminho até sua sepultura. 3. Que suas mãos ficassem balançando no ar, fora do caixão e à vista de todos.
Um dos seus generais, assombrado com esses desejos, perguntou ao imperador: Mas senhor, porque razão deseja que assim seja feito?
Alexandre disse:
1. Quero que os melhores médicos carreguem o meu caixão para que percebam que perante a morte não têm o poder de curar. 2. Quero que o solo seja coberto por meus tesouros para que todos possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem. 3. Quero que minhas mãos se balancem ao vento, para que as pessoas possam ver que viemos com as mãos vazias e com as mãos vazias partimos.
Fato
E essa é uma grande verdade da qual o texto de Eclesiastes no dia de hoje confirma quando diz: “Como entramos neste mundo, assim também saímos, isto é, sem nada. Apesar de todo o nosso trabalho, não podemos levar nada desta vida... Nós vamos embora deste mundo do mesmo jeito que viemos.” (Ec 5.15,16)
Irmãos, muitas pessoas são como Alexandre o Grande. Lutam a vida toda. Travam verdadeiras batalhas, trabalham incessantemente para construir seus impérios aqui neste mundo. E às vezes somente na hora da morte vão se dar conta que ter vivido em função disso não valeu a pena, não era o mais importante. Alguns nem na hora da morte, vivem na ilusão e morrem iludidos.
Desenvolvimento
O texto de Eclesiastes alerta contra a ilusão que as riquezas deste mundo podem ser na nossa vida: "Quem ama o dinheiro nunca ficará satisfeito; quem tem a ambição de ficar rico nunca terá tudo o que quer. Isso também é ilusão." (Ec 5.10) É ilusão porque a pessoa que ama o dinheiro, que vive na ambição de querer ter, adquirir riquezas, nunca estará contente com o que tem. Vai sempre querer mais. E o que é pior, vai fazer disso a sua razão de viver.
Um dia desses uma repórter perguntou para o homem mais rico do Brasil se ele ainda tinha algum sonho que gostaria de realizar, afinal com a fortuna que ele tem ele pode ter tudo que quiser? Ele respondeu: "Meu maior sonho é chegar a ser o homem mais rico do mundo." Veja, não basta ser o mais rico do seu país, a pessoa quer ser o mais rico do mundo.
No entanto, estas ambições comum deste mundo materialista e pessoas consumistas, não encontram apoio na palavra de Deus. No sermão do Monte registrado no Evangelho de Mateus, Jesus orienta os seus seguidores com a seguinte recomendação: “Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu, onde as traças e a ferrugem não podem destruí-las, e os ladrões não podem arrombar e roubá-las.” (Mt 6.19-20) Em seguida Jesus diz porque nós devemos nos preocupar com as riquezas do céu e não com as riquezas aqui deste mundo. "Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês." (Mt 6.21) E onde estiver o seu coração ali estará o seu Deus.
Esta é a razão para Jesus estar dizendo no Evangelho de hoje que "é difícil os ricos entrarem no reino de Deus." (Mc 10.23) É mais difícil um rico entrar no Reino de Deus do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha." Está dizendo Jesus!
E Jesus disse isto depois que um jovem rico veio correndo até ele perguntar o que ele deveria fazer para conseguir a vida eterna. Jesus sendo um profundo conhecedor do que se passa no coração das pessoas, sabia que o coração do jovem rico estava repleto de justiça própria. Sabia também que as riquezas daquele jovem era o que ele mais amava e considerava importante. Depois de olhar para ele com amor e querendo dar a ele a verdadeira riqueza, Jesus disse para ele vender tudo o que tinha, dar aos pobres e segui-lo. E o jovem, porque era muito rico, fechou a cara, virou as costas para Jesus e foi embora triste.
O coração do jovem rico estava preso às riquezas que ele possuía aqui neste mundo. Preferiu as suas riquezas a seguir Jesus, ele fez de suas riquezas o seu deus. Quando eu direciono o meu coração para as riquezas lá do céu, Deus estará sendo o senhor do meu coração. Jesus estará sendo o Senhor da minha vida. E nada na minha vida vai ser mais importante do que seguir a Jesus. Essa é a verdadeira riqueza: seguir Jesus livremente. Não ter nada que eu considere mais importante ou que eu ame mais na vida do que o meu salvador. Jesus diz que quem ama mais o seu pai, a sua mãe e os seus filhos não é digno dele.
Por outro lado, ele termina o Evangelho de hoje dizendo: "Eu afirmo a vocês que isso é verdade: aquele que, por causa de mim e do evangelho, deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras receberá muito mais, ainda nesta vida. Receberá cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, terras e também perseguições. E no futuro receberá a vida eterna." (Mc 10.29,30)
Não tem nada de errado uma pessoa ser rica ou querer ser rica. No texto de Eclesiastes, o rico e sábio Rei Salomão está dizendo: Se Deus der a você riquezas e propriedades e deixar que as aproveite, fique contente com o que recebeu e com o seu trabalho. Isso é um presente de Deus. (Ec 5.19) Agora, é um presente de Deus que eu tenho que saber administrar. Eu tenho que controlar e não ser controlado pelas riquezas. Meus bens não podem ser o senhor da minha vida.
No livro de provérbios nós encontramos uma sábia oração deste sábio rei Salomão que deveria ser sempre a oração de cada cristão. Em (Pv 30.7-9) Salomão ora assim: “Eu te peço, ó Deus, que me dês duas coisas antes de eu morrer: não me deixes mentir e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o alimento que preciso para viver. Porque, se eu tiver mais do que o necessário, poderei dizer que não preciso de ti. E, se eu ficar pobre, poderei roubar e assim envergonharei o teu nome, ó meu Deus.”
Só pode orar assim quem sabe o Deus maravilho que tem. Quem sabe e confia que este Deus está no controle da sua vida e nunca vai deixar um filho seu desamparado.
Conclusão
Podemos trabalhar, sonhar, traçar metas e querer subir de vida. Mas não nos esqueçamos que o mais importante é subir com Jesus para a vida. Para a vida eterna. Não permitamos que o diabo, o mundo e os nossos desejos ambiciosos nos tirem a verdadeira riqueza, a vida eterna. Amém
Pr. Fernando Santos Boone
Nenhum comentário:
Postar um comentário