Decimo Nono Domingo Após Pentecostes – 07-10-2012
Sl 128; Gn 2.18-25; Hb 2.1-13;
Mc 10.2-16
Introdução
No evangelho de hoje Jesus está dizendo: “Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu.” (V. 9) Em que ocasião nós costumamos ouvir este mandamento de Jesus? Casais cristãos escutam este mandamento de Jesus no dia do casamento.
No entanto, as estatísticas revelam índices cada vez mais auto de divórcios. O que além de ser lamentável, revela desprezo a vontade de Deus e desvalorização do casamento.
Fato
No final do ano passado, não sei se vocês lembram, mas os meios de comunicação noticiaram a seguinte manchete: “Brasil alcança a maior taxa de divórcio dos últimos 26 anos.” Pra vocês terem uma ideia, em 2010, foram registrados 243.224 divórcios. 36,8 % a mais do que em 2009. (Dados do IBGE) E o que é mais lamentável ainda: a taxa de divórcio entre casais cristãos era maior do que entre não cristãos.
Lembro-me bem de alguém dizendo que a explicação para esse aumento expressivo de divórcios está nas leis que permitem o divórcio sob qualquer pretexto. Em julho de 2010, uma mudança na legislação facilitou o acesso ao divórcio, acabando com os altos preços de alguns processos e com os longos prazos.
O problema, no entanto, não está nas leis do país. Jesus aponta o problema quando responde aos fariseus: “por causa da dureza do coração de vocês.” (V.5) O problema é a dureza de coração do ser humano. Acontece, infelizmente, que muitos cristãos deixam de guiar-se pela Palavra de Deus e, numa falsa liberdade cristã, refugiam-se nas leis do Estado, para justificarem seu direito ao divórcio. O fato de algo ser permitido não quer dizer necessariamente que é correto.
Desenvolvimento
E é isso que Jesus está ensinando para os fariseus no evangelho de hoje. Os fariseus tentaram criar uma polêmica com Jesus em torno desse assunto. Eles argumentaram com Jesus: “Moisés permitiu ao homem dar à sua mulher um documento de divórcio e manda-la embora.” (V.4) E Jesus respondeu: “Moisés escreveu esse mandamento para vocês por causa da dureza do coração de vocês.” (V.5) Jesus reafirma a instituição do matrimônio como um ideal divino para a felicidade do ser humano e diz não ao divórcio: “que ninguém separe o que Deus uniu.”
Desta discussão de Jesus com os fariseus, nós precisamos entender o seguinte: Moisés foi também um dirigente político do povo. Uma autoridade civil. Nem todos no povo de Israel eram tementes a Deus. Por isso Moisés teve que criar leis para por ordem em certas situações. Se hoje, em pleno século 21 as mulheres ainda lutam por dignidade, direitos iguais, imaginem como devia ser no tempo de Moisés. Os direitos da mulher praticamente não existiam. A carta de divórcio era, não tanto uma permissão para a separação, mas uma responsabilidade do marido para com a sua esposa rejeitada.
Ou seja, Moisés tentou colocar freio na liberdade e crueldade quanto ao trato com as mulheres. O ideal defendido por Jesus vai muito além do socialmente aceitável e admitido por Moisés. Jesus reforça o plano de Deus com a criação. Na criação Deus visava o bem espiritual do ser humano, e a instituição do casamento fazia parte deste plano.
No padrão de Deus para o casamento não há divórcio. Nós vimos na leitura de Genesis que Deus disse: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade.” (Gn 2.18) Deus criou o homem e a mulher e os uniu para que vivessem juntos. “Uma só carne,” (Gn 2.24) como diz o texto de Genesis. A bíblia lembra que somente em caso de infidelidade e abandono malicioso seria permitido divórcio, mas ainda assim o maior conselho é sempre o perdão. O divórcio não deve ser uma opção para resolver problemas.
Infelizmente é o que está acontecendo hoje em dia. Ao invés de ser: “até que a morte nos separe”, muitos estão indo até que os problemas, as dificuldades e as nossas diferenças nos separem. E por que isto acontece? Porque o casamento está perdendo o seu valor como uma instituição divina. Porque muitos casais não se unem com o mesmo propósito que levou Deus unir um homem e uma mulher. Porque Deus e a sua Palavra tem ficado longe da vida de muitos casais, de muitas famílias. E onde Deus não está presente com a sua força, orientação e perdão, o diabo toma conta. E ele tem usado novelas e algumas canções que estão em nossos lares todos os dias, estão nos celulares, no carro quando estamos dirigindo com o seguinte conselho: se não se entenderem mais, o melhor é separar do que viver brigando e partir para outra aventura. E é por isso, que muitos, infelizmente se deixam influenciar.
A grande verdade é que após a queda de Adão e Eva em pecado não existe mais o casamento perfeito. São dois pecadores, com suas falhas e fraquezas, que se unem. Eles precisam aprender a viver o perdão de Jesus Cristo e amparar um ao outro nas fraquezas.
Na Bíblia, uma das formas de Deus demonstrar o seu perdão por nós é através do casamento. Isso porque em várias ocasiões o relacionamento entre Deus e o seu povo é descrito como um casamento. Nesse relacionamento, nós o povo de Deus, somos chamados de geração adúltera, um povo que constantemente trai o seu Deus que conosco estabeleceu aliança.
Em algumas culturas, ainda hoje, o adultério é punido com pena de morte demonstrando a dificuldade de perdoar uma traição. Deus não só sabe como também vê as nossas traições contra Ele. Ele vê quando nós o trocamos por tantas outras coisas que nos impedem de estar com Ele. Ele vê quando nós o abandonamos e buscamos primeiro os nossos interesses. Ele vê quando o nosso desejo por bens e dinheiro é maior do que o desejo de ter a nossa vida entregue, orientada e fortalecida por ele.
Será que Deus ainda é capaz de nos perdoar por traí-lo desta forma e constantemente. Sim, Ele nos perdoa. Não porque nós merecemos, mas pelos méritos de Cristo que conquistou por nós o precioso perdão de Deus. Por isso, a nossa confiança em Jesus serve como um laço que nos une ao bom Deus.
O hino que nós cantamos antes da mensagem testifica uma grande verdade: "Jesus é aliança entre você e Deus, Jesus é a aliança entre você e eu". A ideia é que para existir um bom relacionamento entre o casal e na família como um todo, é preciso ter primeiro um bom relacionamento com Deus. Saber receber o perdão e saber perdoar. É o perdão que traz ao relacionamento a característica do eterno, do sem fim, do até que a morte nos separe. Do amar e respeitar nos bons e maus momentos da vida.
Quando um casal descuida de seu relacionamento com Deus, negligenciando o estudo da Palavra (devoção do lar, cultos, estudos bíblicos e oração), isto se refletirá imediatamente no seu relacionamento. Podemos dizer que no assunto matrimônio e família precisamos ouvir muito mais a Deus do que todas as vozes ao nosso redor. Feliz o casal, feliz a família que está alicerçada no fundamento da Palavra de Deus e sabe levar suas dificuldades, ansiedades e preocupações a Deus em oração.
Conclusão
Para finalizar eu quero repetir as Palavras do Salmo 128: “Feliz aquele que teme a Deus, o SENHOR, e vive de acordo com a sua vontade! Se você for assim, ganhará o suficiente para viver, será feliz, e tudo dará certo para você. Em casa, a sua mulher será como uma parreira que dá muita uva; e, em vota da mesa, os seus filhos serão como oliveiras. Quem confia no SENHOR certamente será abençoado assim. Que lá do monte Sião o SENHOR vos abençoe! Que, em todos os dias da sua vida, você veja o progresso. E que você viva para ver os seus netos! Que a paz esteja com o povo de Deus.” Amém.
Pr. Fernando Santos Boone
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